«Vara começou por ser nosso amigo, mas transformou-se num cavalo de Tróia» - TVI

«Vara começou por ser nosso amigo, mas transformou-se num cavalo de Tróia»

Para José António Saraiva, o poder judicial está a encobrir a política

ACTUALIZADA ÀS 15h0

O director do semanário Sol disse ter a certeza que o BCP, através do administrador Armando Vara, quis «decapitar» o jornal e que a relação com o banco se tornou «hostil» depois de publicadas notícias sobre o caso Freeport.

«Ficou claro que o BCP queria decapitar a direcção do Sol», referiu José António Saraiva no Parlamento, adiantando ter «a certeza absoluta que esta situação, pelo menos na recta final, foi comandada por Armando Vara».

O BCP, que foi accionista fundador do semanário dirigido por José António Saraiva, «começou por ser nosso amigo, mas transformou-se num cavalo de Tróia», disse o director do Sol.

O director reiterou ainda que, depois de ter publicado uma notícia sobre o caso Freeport, um subdirector do jornal «recebeu um telefonema de uma pessoa muito próxima do primeiro-ministro», que «disse que a relação do banco com o jornal dependia da próxima manchete».

A suspeita «clara» do PGR ter avisado os suspeitos

O director disse ainda que existe um «encobrimento do poder político pelo poder judicial» e que se as escutas não tivessem sido divulgadas pelo seu jornal o debate não estaria ser feito.

«Hoje acho que há uma conivência do poder judicial com o poder político. Mas penso que se pode dizer mais, há encobrimento do poder político pelo poder judicial. Há factos suficientes para se poder afirmar que há encobrimento», disse José António Saraiva, que está a ser ouvido pela comissão parlamentar de Ética, Sociedade e Cultura a propósito de alegadas intervenções do Governo na comunicação social.

José António Saraiva disse aos deputados que «é hoje clara a suspeita sobre o PGR de ter avisado os suspeitos».

O papel da Cofina

Saraiva acusou a Cofina de ter tentado mudar a direcção do jornal de forma encapotada para afastar «pessoas incómodas» e disse que o presidente daquele grupo o aconselhou a ser «menos contra o Governo».

«A Cofina também fez tentativas encapotadas para mudar a direcção», disse.

A Cofina foi acionista do jornal Sol durante seis meses, tendo vendido, em Novembro de 2008, a sua participação (33 por cento) ao empresário Joaquim Coimbra. Antes desta venda, a Cofina esteve em negociações com o empresário Alberto do Rosário.

«Quem é Alberto do Rosário? É um colaborador da Cofina», afirmou José António Saraiva, adiantando que o grupo dirigido por Paulo Fernandes queria fazer «uma operação fictícia» para «fazer uma limpeza no jornal».

De acordo com José António Saraiva, «enquanto isto se passava, Paulo Fernandes dizia-nos que devíamos ser menos contra o Governo».

O que Paulo Fernandes queria, acrescentou, era «comprar o jornal entregando-o a outra pessoa para não ficar com o ónus de fazer o trabalho sujo e depois entregava o jornal já devidamente limpo de pessoas incómodas».
Continue a ler esta notícia