Artur Santos Silva: «Reconheço que encargos dos cartões de crédito são elevados» - TVI

Artur Santos Silva: «Reconheço que encargos dos cartões de crédito são elevados»

Artur Santos Silva

Os consumidores queixam-se e o presidente do Conselho de Administração do BPI até lhes dá razão: os encargos financeiros associados aos cartões de crédito são elevados. Em compensação temos um sistema de pagamentos electrónicos e automáticos que é dos mais avançados do mundo. E todos beneficiamos dele, como explica Artur Santos em entrevista à «Agência Financeira».

Mas há mais queixas, para além dos cartões cuja utilização já admitiu ser cara.

Há aspectos que os consumidores ainda se queixam que têm sobretudo a ver com demoras grandes na concretização de operações como o crédito à habitação. Demoras que têm a ver com um sistema um bocado arcaico, e ainda não completamente ajustado, de escrituras, de registos. De uma série de burocracias que não têm a ver com o sistema bancário, mas sim com o sistema de administração da justiça e que passa mais por esses aspectos de segurança nas transacções: o que é que está registado, o que é de quem. E por vezes isso demora. O que os bancos querem é fazer um negócio o mais depressa possível e essa demora é um entrave. Mas é verdade, também, que está a haver um esforço grande por parte da administração Pública, do Governo, de se ajustarem a este novo mundo em que estamos. Também aqui se pode dar um salto.

Mas voltando ao crédito. Se no crédito à habitação há condições favoráveis, ainda recentemente um relatório da OCDE mostrava que temos taxas no crédito ao consumo elevadas.

Os indicadores internacionais do crédito ao consumo são relativamente baixos. O que conta na relação do sistema bancário com os particulares é o crédito à habitação. São baixos os níveis do crédito ao consumo e são muito baixos os níveis de utilização do crédito remunerado dos cartões de crédito. A maior parte das pessoas que usa cartões de crédito, usa o crédito que não dá lugar ao pagamento dos juros naqueles primeiros 30 a 40 dias de crédito que se seguem à realização da compra.

Os 20 a 50 dias do ciclo de vida de um cartão

Exacto, depende do momento em que a operação é feita. Mas reconheço que sim, que temos em geral, um sistema de encargos financeiros associados ao cartão de crédito elevado. E por isso mesmo ele é pouco aproveitado. Mas temos um sistema de pagamentos fortíssimo. Do melhor que há no mundo. Com funcionalidades muito mais avançadas que na maior parte dos países do nosso universo, a Europa. É fantástico todas as operações que podemos fazer na banca automática, sem qualquer tipo de encargos¿

Mas já houve uma ideia de passar a cobrar taxas, por exemplo, pelo levantamento de dinheiro nas caixas automáticas.

Falou-se nisso, mas não vi nenhuma acção nesse sentido.

Mas seria viável?

Não tenho que me pronunciar sobre uma coisa que é da política de cada um. Neste momento, acho que o que temos que incentivar é a utilização dos canais automáticos. É a utilização de outro tipo de canais como a Internet, como a banca telefónica e também aqui, quem usar estes canais, como a Internet, tem condições que são perfeitamente demolidoras em termos do que se pode esperar da rentabilidade de certas transacções bancárias. São desprezíveis os encargos de uma série transacções que se podem fazer na Internet, nomeadamente todos os investimentos em títulos, sejam acções obrigações, fundos, etc. são condições muito favoráveis.

Dispomos hoje de um sistema de pagamentos electrónicos e automáticos que é dos mais avançados do mundo e com o qual todos beneficiamos muito. Isso foi resultado de uma grande cooperação entre todos os bancos. A propósito da inovação e competição, que falámos antes, os bancos decidiram juntar-se para resolver problemas comuns e tiveram uma massa critica tal que, com investimentos significativos mas partilhados por todos, se permitiu que os clientes beneficiem de um excepcional sistema de pagamentos electrónicos e automáticos.



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