A época balnear arrancou esta quarta-feira em grande parte do país, sendo que já tinha começado em algumas zonas, como em Albufeira. Sem restrições por causa da covid-19, há outras situações a ter em atenção. Algumas praias apresentam alguns riscos, e outras são consideradas das melhores para ir a banhos. A CNN Portugal elaborou um guia com todas as informações para ter o melhor verão no areal e na água.
Risco de derrocada
Uma em cada quatro praias de Portugal tem um aviso de risco de derrocada. Essa é a avaliação feita pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), numa altura em que a época balnear começa a abrir em todo o país. Em Albufeira, concelho do Algarve, 24 das 27 praias existentes apresentam este perigo, e uma delas é a praia Maria Luísa, onde cinco pessoas morreram em 2009 depois da queda de uma arriba.
A Câmara Municipal de Albufeira e a APA garantem que as praias da zona têm toda a segurança para este verão. Na conferência de imprensa de abertura da época balnear, a 13 de maio, os responsáveis admitiram, na praia dos Pescadores, “alguma vulnerabilidade geológica”. No entanto, tanto o autarca José Carlos Rolo como o representante da APA, Pedro Coelho, asseguraram que a questão é avaliada em permanência.
Exemplo dessa “vulnerabilidade” foram os “seis desmonoramentos naturais nas arribas do Barlavento, cinco dos quais no concelho de Albufeira”. Por isso mesmo, a autarquia olha em permanência para o estado do terreno, o que já motivou algumas derrocadas controladas, como uma realizada na praia da Coelha e outras duas na praia de Santa Eulália.
“Há poucos dias fez-se um desmonoramento provocado pelas condições do terreno, que não consegue segurar-se e então vai por aí a baixo. Torna-se perigoso para as pessoas”, explicou José Carlos Rolo na ocasião.
Mas há outras regiões instáveis, como em muitas das praias dos concelhos de Odemira (como a praia da Zambujeira do Mar) ou Sintra (como a praia das Maçãs), sendo que as autoridades, também nesses casos, garantem que todas as condições de segurança foram verificadas, pedindo às pessoas que tenham bom-senso no cumprimento das medidas recomendadas.
Já em Cascais são 11 as praias com o aviso, entre as quais está o Tamariz, por exemplo. Aljezur, Lagoa ou Lagos também têm várias praias com aviso, confirmando o Algarve como a região em que há mais arribas instáveis. Quanto mais para Norte, menos situações. De resto, a região Norte não tem mesmo nenhuma praia com risco de derrocada, sendo que as praias de Cabo do Mondego e Murtinheira, na Figueira da Foz, na região Centro, são as que ficam mais a norte e que têm o aviso. Existem ainda algumas praias em risco de derrocada nos Açores e na Madeira.
A APA "reforça a importância da prevenção deste tipo de acidentes", lembrando que são colocadas sinaléticas a avisar do perigo, e pedindo às pessoas que se mantenham "afastadas das faixas de risco". Essa faixa de risco é a área que pode ser afetada por possíveis desmoronamentos, e tem uma largura igual a 1,5 vezes a altura da arriba.
Pode consultar as diferentes definições de faixa de risco no website da APA, que dá especial destaque às praias algarvias, mais frequentadas e com areais por vezes de menor extensão. Pode ainda descarregar a aplicação “Info Praia”, onde pode ver todos os avisos para as diferentes praias.
Obras nas praias e qualidade da água
Outra situação a ter em atenção para aproveitar da melhor forma o verão são as obras realizadas nas praias. Segundo a informação prestada pela APA na sua aplicação “Info Praia”, seis praias portuguesas encontram-se com obras em curso. A saber: Azenhas D’El Rei (Alandroal), Praia Fluvial do Sorraia (Coruche); Melides (Grândola); Poça das Mujas, Lajes do Pico (Açores); São Mateus, Madalena (Açores); Roca Mar, Santa Cruz (Açores).
A praia de Azenhas D'El Rei vai ter o primeiro ano balnear, numa construção que começou em 2021, num investimento a rondar os 550 mil euros.
No caso de Melides, a informação da APA ainda é referente ao ano de 2021, mas a Câmara Municipal de Grândola já anunciou a conclusão das obras, que remodelaram os acesssos à praia e colocaram estacionamento com sombra perto do areal.
Há ainda questões relacionadas com a qualidade da água. As análises atualizadas da APA referem a existência de salmonella em quatro praias portuguesas: Areínho (Arouca), Cavez (Cabeceiras de Basto), Pontemieiro (Vale de Cambra) e Burgães – Rio Caima (Vale de Cambra). Note-se que estas quatro praias são todas fluviais.
As melhores praias (onde a bandeira é azul)
Portugal tem em 2022 um total de 393 praias com bandeira azul (431 se contarmos com as marinas e as embarcações ecoturísticas), distinção que premeia a qualidade ambiental, a segurança, o bem-estar, as infraestruturas de apoio, a informação aos utentes e a sensibilização ambiental.
Destas, 46 são fluviais, enquanto as restantes são em zona de costa. Os Açores têm 49 bandeiras azuis, enquanto a Madeira chega às 28. Quanto às praias de mar no Continente, são perto de 300. O concelho de Albufeira lidera, com 26 das suas 27 praias a hastearem bandeira azul este ano. Seguem-se Vila do Conde e Vila Nova de Gaia com 24 praias cada. São 102 os municípios que, entre praias fluviais e costeiras, vão ter bandeira azul.
Destaque ainda para Cascais e Marinha Grande, que voltam a colocar praias na lista depois de não o terem conseguido em 2021. Já Sintra, que tem sete praias bem conhecidas, volta a ficar de fora. Alandroal, Tábua e Vila Verde, todos com praias fluviais, conseguem a bandeira azul na primeira vez a concurso.
A Associação da Bandeira Azul da Europa destaca “o crescimento contínuo e seguro das praias fluviais, o que evidencia a aposta dos promotores na qualidade destas zonas balneares e das áreas envolventes”. Este ano há mais 21 bandeiras azuis nas praias portuguesas
Pode consultar a aplicação “Info Praia” para uma informação mais detalhada sobre a situação na sua praia.
As praias vigiadas
De acordo com a portaria publicada pelo Governo a 5 de maio, 594 praias vão ter vigilância em 2022, mais 20 do que no último ano. Estes são os locais “onde a vigilância e a assistência a banhistas estão asseguradas por nadadores salvadores”, lembra o documento assinado pela ministra da Defesa, Helena Carreiras, e pelo ministro do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro.
“Vão estar também à disposição dos utentes 654 águas balneares, um número que engloba mais 11 locais na comparação com o ano passado”, nota a portaria.
Destas praias vigiadas, 438 são costeiras em território continental, onde existem ainda 81 fluviais. Novo destaque para Albufeira, que tem as suas 27 praias vigiadas durante a época balnear. Vila Nova de Gaia também faz o pleno, com as 24 praias vigiadas. O mesmo não acontece em Odemira, por exemplo onde duas das 13 praias não serão vigiadas.
Pode consultar a aplicação ou o website “Info Praia” para uma informação mais detalhada sobre a situação na sua praia.
Praias com melhor acessibilidade
Portugal vai ter este ano 289 praias com acessibilidade para pessoas com dificuldades de locomoção. São as chamadas praias acessíveis, e que este ano são quase mais 60 que em 2021. Nos Açores mantêm-se as mesmas 17, como na Madeira se mantêm as 18. Continuam também a ser 49 as praias fluviais com este acesso facilitado.
A grande diferença está nas praias costeiras, onde os concelhos de Albufeira e Torres Vedras lideram, com 14 e 9 praias acessíveis.
Em Cascais apenas 4 das 14 praias são acessíveis, enquanto Sintra tem apenas uma e o Porto duas.
Cerca de 200 destas praias dispõem ainda de cadeira anfíbia, um mecanismo que ajuda as pessoas com dificuldades de locomoção a dirigirem-se à água.
Para saber ao minuto tudo sobre a praia onde quer ir pode recorrer à aplicação da APA “Info Praia” . Aqui é possível consultar os diferentes serviços das praias (se tem vigilância, se tem acesso a pessoas com mobilidade reduzida, etc), ao mesmo tempo que se consegue verificar qual a afluência da praia, que tem três níveis: ocupação baixa, ocupação elevada e ocupação plena.
No total das 223 zonas balneares galardoadas, 198 localizam-se no Continente, 17 na Região Autónoma dos Açores e 8 na Região Autónoma da Madeira, apresentando a seguinte distribuição: