Há um ano os preços das gasolinas batiam nos máximos. E agora? - TVI

Há um ano os preços das gasolinas batiam nos máximos. E agora?

Bombas de combustível (AP Photo)

Combustíveis estão muito mais baratos do que há um ano. E custam menos do que na véspera da guerra, mas só porque os impostos desceram. Veja e compare os preços.

Há um ano, nos dias 8 e 9 de junho de 2022, o preço da gasolina atingiu um máximo histórico em Portugal. Por cada litro de gasolina comprado nesses dias, os portugueses pagaram em média 2,188 euros. Atestar um depósito de 50 litros, por exemplo, custaria ao bolso de um português 109,4 euros.

Hoje, atestar o mesmo depósito custa cerca de 84 euros. Menos quase 25 euros num ano.  

Para compreender a evolução, é necessário olhar para outros termos de comparação, nomeadamente o preço do barril de petróleo. Há um ano o índice Brent roçava os 124 dólares, esta quarta-feira pouco superava os 77 dólares. Uma descida de 37% em dólares, que não é substancialmente diferente em euros. 

Junho do ano passado foi mesmo o mês em que os preços dos combustíveis atingiram os valores mais altos desde o início da guerra na Ucrânia, provocada pela invasão pela Rússia, em fevereiro do ano passado. Mesmo se, naquele mês, o governo tinha já reduzido a carga fiscal sobre os combustíveis. Outra "anomalia" que então se verificava era a "colagem" entre o preço das gasolinas e dos gasóleos. Mas os gasóleos só atingiriam o máximo já no final do mês: 2,111 euros por litro de gasóleo simples a 24 de junho de 2022.  

Como explica o secretário-geral da APETRO (Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas), António Comprido, há motivos pelos quais a queda do preço do litro de gasolina não é tão acentuada como a descida do preço do barril de petróleo: “O crude não representa mais do que 20 a 25% do preço final do produto [gasolina]. Existem outros componentes, como a margem da refinação, a incorporação de biocombustíveis, e a comercialização e distribuição”, enuncia.

“Fazendo as contas de forma simples, se o preço do barril de petróleo cai 40%, o impacto no produto final não será superior a 10%. O preço do produto final só desceria 40% caso o produto fosse só crude e mais nada. Se o custo do barril de petróleo subir 40%, a subida do preço do produto final também não será de 40%, será menor. Mas aí, logicamente, as pessoas não se queixam”, explica António Comprido.

E antes de impostos?

Também o preço do litro de gasolina antes dos impostos desceu substancialmente neste ano. Segundo os dados da APETRO, a 6 de junho de 2022 o litro de gasolina custava 1,301 euros sem impostos. No dia 29 de maio deste ano, o custo estava nos 0,831 euros por litro.

Questionado sobre uma eventual continuação da descida dos preços da gasolina nos próximos meses, António Comprido afirma que o período do verão “não é propício” à redução dos preços, uma vez que é uma altura de “grande movimentação turística”. Além disso, o responsável aponta a recente decisão da Arábia Saudita, que decidiu cortar a produção de petróleo em um milhão de barris por dia, e a manutenção, por parte dos países da OPEP+, dos cortes de produção anteriormente definidos, como fatores que podem dificultar uma queda mais acentuada.

“A única coisa que posso garantir é que qualquer previsão que se faça vai falhar", ironiza. "No entanto, com o que se sabe hoje e com os sinais dados pelo mercado, não é previsível uma descida muito acentuada”, afirma o líder da APETRO.

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