Prepping: cinco coisas que deve saber em caso de emergência - TVI

Prepping: cinco coisas que deve saber em caso de emergência

KIT BOB - BUG OUT BAG (Foto: Portugal Preppers)

De kits de primeiros socorros a um plano de emergência, o fundador da Portugal Preppers, uma comunidade de portugueses que se preparam para situações de crise inesperadas, explica à CNN Portugal como lidar com os imprevistos

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Nos últimos tempos o mundo enfrentou uma pandemia, a guerra voltou ao território europeu e a Terra voltou a tremer, provocando um dos mais mortais sismos de que há memória na Turquia e na Síria. E com notícias tão devastadoras, voltaram preocupações básicas e ainda assim complexas de responder: o que fazer em caso de catástrofe?

Não acontece só aos outros e por isso há quem se prepare diariamente. São considerados preppers, um conceito que nasceu nos Estados Unidos, mas também existe em Portugal - e são peritos em antecipar e adaptar-se a cenários de calamidade.

À CNN Portugal, o fundador da Portugal Preppers, Paulo Guerreiro, partilha cinco conselhos para lidar com uma catástrofe:

1 - Ter um plano de emergência familiar

É a base para poder fazer tudo o resto, refere o especialista. "Por exemplo ter rotas de fuga, armazenamento de alimentos e assegurar comunicação com a família." Para isso, deve conhecer os perigos de maior probabilidade de ocorrência na área onde vive e nos locais de trabalho e de lazer - tendo sempre presente que os acidentes graves ou as catástrofes normalmente acontecem sem aviso.

O plano de emergência deve incluir dois pontos de encontro da família: um local perto de casa, a uma distância segura, e outro fora da zona de residência, em caso de ficar impossibilitado de regressar a casa (durante o dia, por exemplo, os adultos estarão a trabalhar e as crianças na escola). 

Um passo importante é ter, de forma visível, junto ao telefone, os números de emergência: 112, bombeiros locais, polícia, serviços de saúde, Centro de Informação Anti-Venenos, escola dos filhos, médicos de família, companhia de seguros, Serviço Municipal de Protecção Civil e ter a certeza de que cada um sabe utilizar corretamente o número de emergência 112.

2 - Saber primeiros socorros

Os primeiros socorros são o conjunto de procedimentos, mais ou menos elementares, que visam preservar a vida ou estabilizar um doente/acidentado até à chegada de uma equipa profissional de socorro. Já em situações mais banais, quando o acidente não requer a intervenção de terceiros, os primeiros socorros podem ser utilizados para pequenos curativos ou imobilizações temporárias.

Paulo Guerreiro recomenda ter sempre um kit de primeiros socorros e saber executar as manobras básicas de primeiros socorros - para isso, há cursos que pode frequentar, seja na Cruz Vermelha ou associações próprias.

O estojo deve ser o mais compacto possível, de modo a ser facilmente transportado em viagem, e de cor suficientemente forte para que seja rapidamente encontrado em caso de emergência. Em termos genéricos, um kit de primeiros socorros deverá ter:

  • Desinfetante antissético (tipo Betadine) para feridas ou cortes;
  • Soro fisiológico;
  • Pomada com ação antibacteriana para aplicação cutânea;
  • Vaselina esterilizada para aplicar em queimaduras;
  • Pensos rápidos com diversos tamanhos;
  • Compressas para limpeza/desinfeção ou aplicação direta, preferencialmente em embalagens individuais;
  • Ligaduras;
  • Esponja hemostática;
  • Saco de frio instantâneo;
  • Saco de calor instantâneo;
  • Cotonetes;
  • Adesivo anti-alérgico;
  • Luvas de látex;
  • Uma pinça;
  • Uma tesoura pequena;
  • Termómetro.

3. Ter comida e água armazenada

Feita da maneira certa, a preparação é o oposto da "compra por pânico". Para evitar situações como a rotura da cadeia de abastecimento, opte por armazenar alimentos essenciais por um longo período de tempo - mas não os compre todos de uma só vez, evite o açambarcamento, sublinha o fundador da Portugal Preppers. 

Paulo Guerreiro aconselha alimentos não perecíveis como massa, feijão, enlatados e comida liofilizada (pronta a consumir, basta juntar água). "E convém experimentar o tipo de comida antes de a armazenar", adverte o prepper. A nível de água, contabilize pelo menos 2L de água por pessoa por dia” - e não esquecer de contar com a água para limpeza, por exemplo.

4 - Ter kits preparados

Há vários tipos de kit que pode ter já preparados, com as mais diversas finalidades. "Há quem ande com uma mochila com kits EDC (Everyday Carry), que designa algo que transportamos connosco todos os dias", explica o prepper. Um EDC é geralmente composto por um alicate multiusos, uma faca de lâmina amovível e um isqueiro, e anda sempre com o prepper. Há ainda quem inclua também outros itens, como gazuas, para abrir fechaduras, ou uma chave especial que permita abrir mangas de incêndio e elevadores.

“Uma mochila não é igual para cada pessoa. Criem mochilas com equipamentos, mas aprendam a usá-los primeiro", adverte o especialista.

Perante um cenário de um incêndio, uma fuga de gás, um terramoto ou qualquer outro incidente, Paulo Guerreiro chama a atenção para ter sempre à mão uma mochila de emergência - também chamada de kit 72 horas para que, caso tenha de abandonar rapidamente a sua casa, possa ter à mão alguns itens essenciais.

Para além do EDC e do Bug Out Bag (BOB), faz ainda parte dos básicos de Paulo Guerreiro um Get Home Bag (GHB). Trata-se de uma mala que permite chegar a casa em segurança: deve ser ultraportátil e conter água, snacks, uma muda de roupa e um kit de primeiros socorros, bem como artigos que tornem mais confortável dormir uma ou duas noites num chão algures. 

5 - Assegurar comunicação

Por último, mas não menos importante, a Portugal Preppers alerta para a importância de assegurar um meio fiável de comunicação. "Há os chamados PMR 446 - walkie-talkies que funcionam a pouca distância, mas que, se necessário, são fáceis e acessíveis" e também a "banda do cidadão" - citizen band: um rádio de uso livre que pode ser instalado em casa e que permite distâncias maiores.

Tenha também presente que, para a eventualidade de a sua família poder ficar separada durante um acidente grave ou uma catástrofe, deve utilizar um ponto de contacto entre os seus familiares e amigos (assegure-se de que todos sabem o seu nome, morada e telefone), sublinha Paulo Guerreiro.
 

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