80% de trabalho, 100% do salário e da produtividade. Arranca o maior projeto-piloto da semana de quatro dias de trabalho - TVI

80% de trabalho, 100% do salário e da produtividade. Arranca o maior projeto-piloto da semana de quatro dias de trabalho

  • CNN Portugal
  • FMC
  • 7 jun 2022, 09:15
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O modelo de quatro dias de trabalho sem corte salarial é cada vez mais atrativo e o Reino Unido vai testá-lo durante seis meses

Mais de 3300 trabalhadores de 70 empresas do Reino Unido já estão a fazer parte da maior experiência do mundo de um novo modelo de apenas quatro dias de trabalho por semana. O projeto arrancou na segunda-feira e terá uma duração de seis meses. Os trabalhadores serão pagos na totalidade, ou seja, receberão o mesmo que recebiam anteriormente, quando trabalhavam cinco dias por semana. 

A experiência parte de um estudo organizado pela 4 Day Week Global, em parceria com a empresas Autonom e a 4 Day Week, e investigadores da Universidade de Cambridge, Universidade de Oxford e Boston College. 

O ensaio baseia-se na premissa de 100% do salário, em 80% do tempo e com o compromisso por parte de cada trabalhador de garantir 100% da produtividade.

Joe O'Connor, chefe executivo do grupo sem fins lucrativos 4 Day Week Global, afirmou, em declarações ao The Guardian, que "à medida que emergimos da pandemia, cada vez mais empresas reconhecem que a nova fronteira para a concorrência é a qualidade de vida, e que o trabalho com horário reduzido e focado na produção é o veículo para lhes dar uma vantagem competitiva".

Apesar da maior experiência a nível mundial estar a ser realizada no Reino Unido, vários países começam a trazer o tema para as agendas políticas. Espanha e a Escócia deverão começar os testes ainda este ano. Na Bélgica, os partidos chegaram a acordo, em fevereiro, e poderão também avançar para este novo regime de trabalho. 

Portugal não fica de fora e este mês foi anunciado pelo Governo que, em breve, a semana de quatro dias será estudada no país, o que suscitou o interesse de várias empresas

Juliet Schor, professora de sociologia no Boston College e investigadora principal do projecto-piloto, descreveu-o como um "ensaio histórico". "Vamos analisar a forma como os funcionários respondem a ter um dia extra de folga, em termos de stress e esgotamento, satisfação no trabalho e na vida, saúde, sono, uso de energia, viagens e muitos outros aspetos da vida", disse ela.

"A semana de quatro dias é geralmente considerada como uma política de dividendos triplos - ajuda os empregados, as empresas, e o clima. Os nossos esforços de investigação irão investigar tudo isto".

Wyatt Watts, 25 anos, líder da equipa da Platten's Fish and Chips, uma das empresas abrangidas no estudo, relatou: "Quando ouvi pela primeira vez que íamos trabalhar menos horas com o mesmo salário, pensei para comigo: 'Qual é o truque? Normalmente estou tão exausto do trabalho que não tenho a energia, por isso espero que ter esse tempo extra para descansar aumente os meus níveis de energia".

Wattas acrescentou ainda que a decisão de se juntar à experiência já estava a ter resultados na empresa. "O moral melhorou e esperamos que a nossa produtividade no trabalho seja maior".

Ed Siegel, director executivo do Charity Bank, disse que estava orgulhoso de ser um dos primeiros bancos no Reino Unido a abraçar a semana de quatro dias. "Há muito tempo que somos um campeão do trabalho flexível, mas a pandemia realmente ajudou". Para o Charity Bank, participar neste projeto pareceu o mais acertado. 

"O conceito do século XX de uma semana de cinco dias de trabalho já não é o mais adequado para os negócios do século XXI. Acreditamos firmemente que uma semana de quatro dias sem alteração de salário ou benefícios criará uma força de trabalho mais feliz e terá um impacto igualmente positivo na produtividade empresarial, na experiência do cliente e na nossa missão social", acrescentou Ed Siegel. 

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