O presidente do PSD Luís Montenegro acusou António Costa e os candidatos a substituí-lo na liderança do PS, Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro, como “farinha do mesmo saco”, que “querem aparecer aos olhos dos portugueses como vítimas”.
Numa fase mais adiantada do discurso, para falar de “contas certas” não hesitou em criticar os “cristãos-novos” desta causa, interpretada como uma referência ao socialista Pedro Nuno Santos, que no passado dizia “marimbar-se” para os credores internacionais mas que agora se afirma como defensor do rigor orçamental. Segundo Montenegro, são um “pressuposto” para o PSD. “Não somos cristão-novos. Somos cristãos por convicção”, resumiu.
O social-democrata também não poupou nas críticas ao estado em que o PS deixou o país. “É a terceira vez que o PS conduz Portugal a uma situação de pântano político. À boa maneira do PS, quer agora aparecer como vítima da situação. Mas a situação mostra de forma inequívoca que as vítimas são os portugueses, carregados de problemas nas suas vidas quotidianas”, afirmou no encerramento do 41º Congresso do PSD, em Almada.
Segundo Montenegro, estes protagonistas socialistas “são do núcleo duro disto tudo dos últimos oito anos”, falando num “contexto de fracasso, incompetência, opacidade”. “Como diz o adágio popular, são todos farinha do mesmo saco”, resumiu.
E insistiu no hábito dos socialistas em culpar a direita pelos seus fracassos. “A culpa há de ser da direita. A culpa há de ser do Passos. De vez em quando a culpa há de ser do Cavaco”, ironizou. O antigo Presidente da República estava presente na plateia, uma vez que marcou presença, de surpresa, neste congresso social-democrata.
Montenegro faz “mea culpa” mas assume confiança: “serei o primeiro-ministro que Portugal precisa”
Montenegro afirmou o PSD como “a alternativa que conta” e um “farol de esperança”, traçando o objetivo de “unir Portugal” e “conquistar a confiança” do país. E acabou por reconhecer as críticas que lhe foram sendo feitas, à esquerda e à direita, ao longo dos últimos tempos: “Também sei que as pessoas esperam mais de mim do que aquilo que fui capaz de mostrar até agora”.
“Ouço mesmo as pessoas. Tenho ouvi algumas que me dizem que tenho de ser mais enérgico, acutilante. Alguns até me dizem, com simpatia, para ser aquilo líder parlamentar que eles têm na memória”, afirmou. Da plateia ouviram-se vários “exatamente” neste momento. “Mas também tenho outros que me pedem mais contenção”, acrescentou.
“De mim só podem esperar uma coisa: eu vou ser o que sempre fui”, concluiu. E descreveu-se como “honesto, solidário e humano”. “Serei o primeiro-ministro que Portugal precisa nos próximos anos”
Montenegro confessou que estes últimos dias lhe deram um “suplemento de ambição, de energia, para dar a Portugal um grande governo, um governo social-democrata”. “Vamos ao trabalho”, apelou.
Montenegro define eleitorado: classe média, reformados, professores
Neste discurso, Montenegro definiu bem algum do eleitorado que quer conquistar: a classe média, os pensionistas e os professores.
“Portugal precisa mais do que nunca de uma classe média forte, motivada e dinâmica. Não pode aceitar esta conceção socialista segundo a qual quem ganha 1200 euros líquidos em Portugal é rico e está em condição de aguentar a carga fiscal que hoje quem trabalha tem de suportar”, afirmou
Aos idosos, acenou com uma valorização das reformas, concretizando que “até 2028, o rendimento mínimo garantido dos pensionistas portugueses será de 820 euros.
Ao contrário do PS, posicionou Montenegro, com o PSD “a época dos truques vai acabar”. A garantia deixada é de que as contas estão “feitas” para as medidas mais emblemáticas que levará para a disputa eleitoral, como descidas no IRS, acesso gratuito a creches ou a reposição integral do tempo dos professores.
No discurso, houve também uma parte dedicada à necessidade de promover a transparência e erradicar a corrupção, numa referência à Operação Influencer, que ditou a queda do Governo socialista. “Temos de ter um estado mais eficiente, com menos burocracia, porque ela é a porta muitas vezes desses comportamentos desviantes”, disse.
Montenegro promete a Cavaco: “Vamos estar à altura do seu legado”
Luís Montenegro deixou também uma palavra de agradecimento aos rostos de peso que marcaram presença no 41º Congresso do PSD, com destaque para Manuela Ferreira Leite, Aníbal Cavaco Silva e Nuno Morais Sarmento.
A Cavaco Silva, que apareceu de surpresa neste encontro partidário, gerando euforia entre os participantes, Montenegro dedicou uma palavra especial, considerando o ex-presidente do PSD o “responsável pelo maior e mais profundo legado de desenvolvimento que Portugal conheceu no pós-25 de Abril” e “grande inspiração para aquilo que vamos fazer em Portugal nos próximos anos”. “Vamos estar à altura do seu legado nos próximos anos em Portugal”, prometeu.