O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP) disse esta quarta-feira, em Torres Novas, que a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) vai “agravar” a situação na PSP, pelo que, nos próximos dois meses, vai realizar “iniciativas criativas”.
Paulo Santos falava aos jornalistas à entrada da Escola Prática de Polícia, em Torres Novas (Santarém), depois de uma reunião da direção da ASPP, na qual foi decidido realizar iniciativas “inovadoras e bastante criativas durante, antes e depois” da JMJ, tanto em Lisboa, como junto dos comandos e das dioceses que vão organizar eventos, como forma de demonstrar a insatisfação dos profissionais da PSP.
O protesto, cujos detalhes disse não querer divulgar, vão incluir “eventos paralelos”, nomeadamente desportivos, lúdicos e festivais de verão, nos quais a ASPP estará presente “a nível informativo e reivindicativo”, disse.
As iniciativas passarão “por questões muito pontuais”, como o envolvimento dos dirigentes da ASPP na JMJ, num âmbito que não quis especificar, mas que, afirmou, demonstrará disponibilidade para “acolher àquilo que a polícia eventualmente não terá capacidade de fazer junto dos polícias”.
“Por isso, a ASPP entendeu criar um conjunto de iniciativas muito assertivas, muito pontuais, muito concretizáveis no próprio dia, mas que são invulgares no que é o espetro sindical dos últimos anos”, afirmou.
Paulo Santos afirmou que será feito um apelo aos profissionais da PSP que irão ficar nos comandos “de uma forma enfraquecida”, dada a deslocalização de 2.800 agentes para reforçar o comando de Lisboa, para que tenham “uma atitude preventiva no decurso das suas respostas às necessidades, no sentido de preservarem a sua segurança”.
O dirigente da ASPP afirmou que o Governo “ainda não percebeu” o que a ASPP tem vindo a dizer, “há muito”, de que “a questão do efetivo é determinante”, pois, além de estar envelhecido, cansado e desmotivado, “não chega, nem para as Jornadas nem para muitos outros eventos que estão a ser agendados em 2023”.
“Facilmente percebemos que o que o senhor ministro tem dito, e o que o diretor nacional tem amparado, demonstra alguma arrogância e alguma irresponsabilidade face àquilo que é a realidade das esquadras e da PSP”, declarou.
O presidente da ASPP desafiou o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, para, antes da JMJ, “ainda este mês”, chamar os sindicatos para discutir a questão da tabela remuneratória, analisar a questão do efetivo, estabelecendo, em concreto, “um plano de admissões e de saídas”, e “perspetivar a tabela de ajudas de custo”, situação “que tem afetado os polícias”.
Para a ASPP, se o ministro “quiser evitar” situações que podem ocorrer na JMJ deve chamar os sindicatos e discutir essas três questões, que considerou “críticas”.
Segundo Paulo Santos, a última reunião com o Ministério da Administração Interna ocorreu no início do ano e foi “para falar em serviços privados”, não tendo sido, até ao momento, discutida a proposta de tabela salarial apresentada pela ASPP "há uns meses".
Questionado sobre se a segurança poderá estar em risco durante a JMJ, o presidente da ASPP assegurou que os polícias não irão ser “mote” para que não corra bem e afirmou que o que for feito dependerá do seu “esforço”, do “trabalho suplementar” e da sua “dedicação” e não “da capacidade política ou da capacidade diretiva”.
“É que a PSP tem sobrevivido nos últimos anos à custa do trabalho suplementar, do corte de folgas, do corte de férias para dar resposta aos eventos, porque não há efetivo suficiente e, mesmo o que há, está fustigado e muito mal tratado por este Governo”, acrescentou.