Sou uma mãe ativa nas redes sociais: isto é o que tem de procurar nas redes do seu filho  - TVI

Sou uma mãe ativa nas redes sociais: isto é o que tem de procurar nas redes do seu filho 

  • CNN
  • Erin Hahn
  • 12 fev 2023, 19:00
A maioria dos pré-adolescentes e adolescentes usa as redes sociais para socializar com amigos próximos. Créditos: kerkezz/Adobe Stock

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Se me seguem no Twitter ou no Instagram, sabem que sou multifacetada: autora de romances, mãe de adolescentes engraçados, professora em part-time, agricultora amadora, celíaca resmungona, casada com um homem que leva a sério a atividade ao ar livre.

Como autora numa grande editora num mercado tão competitivo, fiquei responsável por intensificar a minha marca nas redes sociais: participação, criação, tudo. Quanto mais honesta e simpática for online, mais livros vendo. Por isso, lá fui eu para as redes sociais.

Hoje em dia é raro encontrar alguém sem presença nas redes sociais, mas há uma grande diferença entre a partilha de algumas fotografias para a família e amigos e a criação ativa de conteúdos como parte da vida quotidiana.

De acordo com um inquérito realizado em agosto pelo Pew Research Center sobre adolescentes, redes sociais e tecnologia, 95% dos adolescentes têm acesso a smartphones (98% com mais de 15 anos), o que leva a crer que as redes sociais não irão desaparecer tão cedo.

Não são apenas ferramentas sociais importantes, também permitem que os adolescentes se sintam mais envolvidos nas suas comunidades. Muitos adolescentes gostam de estar online, de acordo com outra pesquisa do Pew Research Center. Oitenta por cento dos inquiridos sente-se mais ligado ao que está a acontecer na vida dos seus amigos, enquanto 71% acha que as redes sociais lhes permite mostrar a sua criatividade. 

Muitos adolescentes dizem que o que veem nas redes sociais os ajuda a sentirem-se mais ligados à vida dos seus pares. Créditos: mixetto/E+/Getty Images

Enquanto para mim fazer partilhas online é trabalho, para os pré-adolescentes e adolescentes que vejo a criar e a publicar conteúdos é um estilo de vida. Como mãe de dois alunos do ensino médio, sei o quanto as redes sociais são importantes para eles, e também sei o que há por aí. Vejo o que é bom, o que é mau e o que é viral, e criei algumas diretrizes, com base no que vi, para que outros pais possam ficar mais atentos.

Estas são as oito perguntas que deve fazer a si próprio ao verificar as contas dos seus filhos nas redes sociais:

Sabe que contas têm os seus filhos nas redes sociais?

Se não sabe, está na hora de saber. Como eu, quando tive de pesquisar o termo “situação” [situationship em inglês, que significa um relacionamento amoroso ou sexual que não foi formalizado, como por exemplo os namorados] percebi que a ignorância não é uma bênção neste caso. Na verdade, em nenhum caso, quando se trata dos nossos filhos. Os meus têm smartphones, mas mesmo que os seus não tenham, se tiverem acesso a qualquer outro tipo de dispositivo - telefone, tablet, computador da escola - é provável que tenham alguma conta nas redes sociais. Sempre que os meus filhos querem adicionar aplicações aos seus dispositivos, eu e o meu marido recebemos uma notificação a pedir a nossa autorização. Antes de aprovar qualquer aplicação, leio os comentários, faço uma pesquisa na Internet e envio mensagens para minhas amigas, também mães, de forma a saber se conhecem e que experiência têm.

A maioria dos pré-adolescentes e adolescentes usa as redes sociais para socializar com amigos próximos. Créditos: kerkezz/Adobe Stock

Se eu ainda tiver dúvidas sobre uma aplicação, adio a aprovação até poder sentar-me com os meus filhos e perguntar-lhes por que razão a querem. Por vezes, basta esperar para ter uma breve conversa para os convencer de que não precisam dela. Em nossa casa, evito quaisquer aplicações que realizem inquéritos, permitam feedbacks anónimos ou exijam a utilização de serviços de localização.

Se não tiver um plano telefónico familiar com controlo parental, aconselho que o faça o mais rapidamente possível. Como os dispositivos e as aplicações têm formas diferentes de monitorizar e configurar o controlo parental, é impossível ligar todas as opções desta forma. No entanto, uma pesquisa rápida dar-lhe-á a cobertura com que se sinta confortável, incluindo aplicações que rastreiam as mensagens de texto do seu filho e alteram as definições do telefone para bloquear a uma determinada hora todas as noites.

Não sei onde procurar. Quais as redes sociais que as crianças estão a utilizar?

As principais redes sociais usadas pelos adolescentes atualmente são o YouTube (95% dos adolescentes inquiridos), TikTok (67%), Instagram (62%) e o Snapchat (59%), de acordo com o inquérito do Pew Research Center. Outras plataformas usadas pelos adolescentes com menos frequência são Twitter, Reddit, WhatsApp e Facebook. O Facebook está a assistir a uma queda significativa de utilizadores adolescentes. Esta lista não é, no entanto, exaustiva. Eu verificaria os dispositivos dos seus filhos para aplicações de chats (tais como Slack ou Discord) e também aplicações desportivas ou outras que incluam chats de grupo.

Os seus filhos estão a revelar informações pessoais nos seus perfis e a responder a perguntas?

Já vi pré-adolescentes e adolescentes a usarem os seus nomes verdadeiros, a sua data de nascimento, a morada de casa, nomes dos animais de estimação, números de cacifos ou a sua equipa na escola. Qualquer uma destas informações pode ser utilizada para identificar o seu filho e a sua localização, através de uma pesquisa rápida no Google. Nada disto é permitido em nossa casa.

Também digo aos meus filhos para não responderem a questionários divertidos que convidam as crianças a partilhar as suas informações, que ficam depois disponíveis a outras pessoas.  Estas podem ser ferramentas usadas por predadores ou por pessoas que tentam roubar a identidade dos seus filhos.

O que faço: há muito tempo decidi ocultar os nomes dos meus filhos e do meu marido. Não é uma ciência exata, e sei que através de algumas pesquisas mais inteligentes poderão encontrá-los. No caso do meu marido, é pela sua privacidade e para proteção do seu trabalho. Só porque ele é casado com uma autora de romances não significa que tenha de responder pelas minhas travessuras online, sejam elas quais forem. No caso dos meus filhos, quero evitar qualquer embaraço que lhes possa ser atribuído durante a candidatura à universidade.

Os seus filhos partilham fotos reais nas suas biografias?

Mesmo que os seus filhos tenham os seus perfis privados (mais à frente falarei sobre isto) as suas informações biográficas, nome e imagem de perfil são informações públicas.

Faça uma pesquisa na Internet com o nome do seu filho para ver o que encontra e percorra as imagens de forma a garantir que não encontra nada que não queira público. Na nossa casa, pedi aos meus filhos para usarem imagens genéricas ou avatares ilustrados nas biografias das redes sociais.

O que faço: os pais que têm contas nas redes sociais podem fazer uma pesquisa do seu próprio nome. Quando publiquei o meu primeiro livro em 2019, fiz uma pesquisa do meu nome e imagens e encontrei muitas fotos dos meus filhos que apareceram diretamente das minhas contas nas redes sociais. Eu não partilhei fotografias deles, mas usei uma foto de família como foto de perfil e essas são públicas. Assim que as apaguei, as fotos desapareceram.

Os seus filhos estão a criar conteúdos nos seus quartos?

Outro "não" é publicar vídeos ou fotografias da nossa casa. Algo que parece inocente para o seu filho em idade escolar pode não ser para um adulto em busca de conteúdo inapropriado.

Aprendi isto na conta de Pinterest de um dos meus filhos. A minha filha adora criar vídeos temáticos usando as suas próprias fotografias e de bancos de imagens, e ganhou mais de 500 seguidores num curto espaço de tempo. Ela tem seguido as nossas regras e eu sei disto porque eu sigo-a - mas isso não impediu o fluxo de homens adultos a seguir o seu perfil.

O que fizemos: durante as férias, sentei-me com ela e vimos os seus seguidores um a um e bloqueámos os que achámos estarem lá pelas razões erradas. No final, bloqueámos da sua conta cerca de 30 homens adultos. (Também sei que alguns predadores se disfarçam inteligentemente, e podemos não os apanhar a todos, mas este continua a ser um exercício válido).

Também conversámos com eles sobre como se devem proteger. Eles não iriam querer aqueles estranhos seu quarto; por isso, não vão querer publicar vídeos do seu quarto, casa de banho ou sala de aula para que estranhos os vejam.

O perfil das redes sociais do seu filho é público?

Esta é uma questão complicada por muitas razões. Para que os criadores de conteúdos ganhem seguidores, eles precisam de permanecer públicos nas redes sociais. Se o seu filho é um empresário ou artista que espera chamar a atenção, o bloqueio da sua conta impedirá que isso aconteça.

Uma forma de contornar isto é ter duas contas. Primeiro, uma conta privada, usada apenas para a família e amigos próximos, e depois uma conta pública que carece de identificação, mas que mostra qualquer marca que o seu filho quer mostrar e fazer crescer. Encontrei algumas contas públicas de crianças bem geridas, com imensos seguidores e reparei que são normalmente geridas pelos pais, que referem bem isso no perfil. Gosto disto. Se os seus filhos querem perfis públicos porque esperam captar a atenção de um caçador de talentos, ter as contas controladas por um adulto responsável que tem em mente o seu melhor interesse é um compromisso saudável.

No entanto, isto é uma exceção. Nos dias de hoje, a maioria dos adolescentes usa as redes sociais para socializar com os amigos. O benefício de manter a sua conta privada (ou tão privada quanto possível) é triplo. Permite-lhes saber quem segue o seu conteúdo, evitando desta forma o nosso fiasco no Pinterest. Impede estranhos de acederem ao seu conteúdo e torná-lo viral sem a sua permissão. E protege-os de contacto não solicitado com estranhos.

Quão privado é privado?

Nem todas as redes sociais têm a opção de tornar a conta "privada". Por exemplo, o YouTube tem controlos parentais que podem ser ajustados em qualquer altura. O TikTok e o Instagram podem ser tornados privados (o que significa que os utilizadores devem aprovar seguidores) fazendo a alteração das definições da conta. Assim que a conta estiver privada, um pequeno cadeado irá aparecer ao lado do nome de utilizador.

O Snapchat permite aos utilizadores aprovarem seguidores caso a caso, bem como desligar características que revelem a localização do utilizador. O Snapchat também informa os utilizadores quando outro utilizador faz uma captura de ecrã da sua história, uma característica que muitas redes sociais ainda não têm.

A maioria das aplicações de chats em grupo não tem a possibilidade de se tornar privada, dado que pedem aos utilizadores que aprovem pedidos de seguidores. Tire algum tempo para ver com os seus filhos quem eles permitem que os sigam e que informações pessoais partilham com esses seguidores. É também uma boa altura para lhes ensinar a arte de "bloquear" pessoas pouco sérias.

Como começo?

A minha sugestão é fazer login, pesquisar, navegar e até pedir aos seus filhos que lhe ensinem sobre o funcionamento das plataformas que eles utilizam. Depois, quando eles lhe revirarem os olhos, continue e fale-lhes do Hotmail, o seu primeiro endereço eletrónico, e a forma como escolheu a lista de reprodução perfeita na sua página no Myspace... e quando eles estiverem a rir, espreite a sua lista de seguidores. Acredite em mim, vai valer a pena.

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