Carta enviada pelo Rei Juan Carlos ao filho foi escrita no Palácio da Zarzuela - TVI

Carta enviada pelo Rei Juan Carlos ao filho foi escrita no Palácio da Zarzuela

Rei Juan Carlos

Na semana passada, a justiça espanhola anunciou que ia arquivar as três investigações ao rei emérito, abrindo o caminho para um possível regresso a Espanha. Mas o rei emérito parece colocar esse regresso de parte num futuro próximo

A carta em que o rei emérito Juan Carlos comunica ao filho, o rei Felipe VI, a sua decisão de fixar residência "de forma permanente e estável" em Abu Dhabi foi escrita no Palácio da Zarzuela, revelam fontes do governo, citadas pelo El País.

A missiva foi escrita em Espanha, numa colaboração do Palácio da Zarzuela com o Palácio da Moncloa (Presidência), depois de ser conhecido o arquivamento das investigações sobre a fortuna de Juan Carlos no estrangeiro, e levada até Abu Dhabi pelo advogado do antigo monarca, Javier Sánchez-Junco, e pelo ex-diretor do Centro Nacional de Inteligência, o general Félix Sanz Roldán, que viajaram até aos Emirados Árabes Unidos no último fim de semana.

Na semana passada, a justiça espanhola anunciou que ia arquivar as três investigações ao rei emérito, abrindo o caminho para um possível regresso a Espanha.

Segundo as mesmas fontes, depois de analisar o rascunho da carta, Juan Carlos I aceitou a missiva, que foi divulgada pela Casa Real espanhola, onde é dito que o rei emérito pretende fixar residência em Abu Dhabi e viajar para Espanha "com frequência".

De acordo com o El País, o presidente do Governo, Pedro Sánchez, assegurou que só teve conhecimento "do sentido, não do conteúdo" da carta na segunda-feira, e "acusou a sua receção". Segundo as fontes consultadas, as linhas fundamentais da missiva já eram conhecidas e tinham sido acordadas com a presidência. 

Manter privacidade e afastar o interesse mediático

Apesar de a carta não ter sido escrita pelo próprio, Juan Carlos, que está exilado nos Emirados Árabes Unidos desde agosto de 2020, já tinha deixado transparecer que não teria planos para voltar de Abu Dhabi. 

As decisões anunciadas na carta vão, assim, de encontro ao que se suspeitava nos últimos meses. De acordo com o El País, o rei emérito já tinha dado a entender que não iria regressar de imediato a Espanha, mas sim fazer visitas regulares à família e aos amigos, assim como não pretende voltar a estar presente em eventos públicos, o que significa que não vai recuperar a pensão de quase 200 mil euros que o filho lhe retirou em março de 2020, quando tudo começou.

Mas, caso Juan Carlos quisesse voltar a Espanha, a sua vida não iria ser como sempre conheceu. O antigo monarca não iria viver nem no Palácio da Zarzuela, onde vive a família real, nem em nenhuma casa do Património Nacional. Em Abu Dhabi, o rei emérito tem comodidades que não irá encontrar em Espanha, entre as quais a privacidade. Caso voltasse a casa, a sua presença em território espanhol iria reacender o interesse mediático e, segundo o jornal El País, reabrir o debate sobre qual a sua fonte de rendimento. 

"Neste sentido, tanto as minhas visitas como se no futuro voltar a viver em Espanha, o meu propósito é organizar a minha vida pessoal e a minha residência em áreas de natureza privada para continuar a gozar da maior privacidade possível", pode ler-se na missiva.

Juan Carlos abandonou Espanha a 3 de agosto de 2020 para iniciar um exílio dourado nos Emirados Árabes Unidos. Estes casos levaram o atual rei de Espanha e filho de Juan Carlos, Felipe VI, a anunciar em março de 2020 que renunciava a qualquer futura herança a que tenha direito do seu pai, o rei emérito, e que também lhe retirava as ajudas de custo anuais que este recebia.

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