A arena mais famosa do Mundo está ameaçada por uma estação de comboio - TVI

A arena mais famosa do Mundo está ameaçada por uma estação de comboio

Sabia que o balneário dos Knicks é o mais pequeno da NBA? E sabe quem é o artista que mais vezes atuou no Madison Square Garden? Ou quanto custa o aluguer de uma suite para um jogo?

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No topo de uma das paredes interiores que contornam o Madison Square Garden estão fotografias correspondentes a um dia do ano. Cada uma delas corresponde a um evento importante ocorrido desde 1879, quando nasceu, não muito longe dali, o primeiro recinto com este nome.

A arena favorita de Elton John. O lugar do último concerto de John Lennon.

O combate do século entre Muhammad Ali e Joe Frazier em 1971, o primeiro dos três entre dois dos maiores pugilistas da história.

São incontáveis os momentos que ali aconteceram e que ficaram imortalizados na história.

Este Madison Square Garden é o quarto de uma linhagem de edifícios homónimos e edificados na mesma zona de Manhattan. Foi inaugurado em 1968 e é a casa dos New York Knicks (NBA) e dos New York Rangers, equipa da NHL, liga de hóquei no gelo.

O Maisfutebol acompanhou uma visita guiada à «arena mais famosa do Mundo» e teve acesso a várias áreas exclusivas de um recinto que há anos vive sob a ameaça da Penn Station, a estação de comboios intercidades mais movimentada no hemisfério ocidental e que está localizada precisamente por baixo.

«Eles querem que a estação seja muito maior e, para isso, o Madison Square Garden teria de ir para outro lado. Mas nós não queremos sair daqui. É uma grande luta», conta-nos Braden, o guia, que deixa à consideração dos visitantes quais os temas sobre os quais têm mais curiosidade: são escolhidos o basquetebol e a música.

Numa zona do pavilhão ainda sem vista para a bancada estão expostas várias relíquias devidamente protegidas dentro de vitrinas. Vemos a primeira ainda antes do início da visita, mesmo à entrada: um piano de Billy Joel, recordista de espetáculos no Madison Square Garden (150), onde atuou de forma ininterrupta – com uma curta pausa no período de covid – entre 2014 e 2024. «Ele disse que parava quando ficasse um bilhete por vender, mas isso não aconteceu», explica o bem-disposto Braden. Ao todo, o MSG foi a casa do talentoso compositor, pianista e cantor nova-iorquino durante 104 concertos seguidos, tendo sido decidido que o fim aconteceria quando atuasse ali pela 150.ª vez na vida.

Vemos também exemplares originais da camisola 33 retirada de Patrick Ewing e os gigantes e gastos sneakers que a lenda dos Knicks, primeira escolha do draft de 1985, usava: tamanho 50.

Uns metros adiante, o equipamento de treino de Johh Starks, que chegou a pulso à NBA no final da década de 80 depois de não ter sido escolhido no draft e de ter sido recusado por várias equipas. Com uma estatura abaixo da média dos restantes basquetebolistas, conseguiu, ainda assim, afundar sobre Michael Jordan. «The Dunk”, lê-se numa capa de revista dedicada àquele momento nos últimos segundos jogo 2 da final da Conferência Este de 1993 e no qual os Knicks venceram os Chicago Bulls.

E sabe quem foi o artista a lotar mais rapidamente os perto de 20 mil lugares do Madison Square Garden? Justin Bieber: 26 segundos em 2012.

Depois de contadas algumas histórias do Madison Square Garden, chegamos ao coração do abastecimento do MSG: uma sala onde são armazenadas centenas de barris de cerveja de 40 países que são consumidas, aos milhares de litros, em cada jogo dos Knicks e Rangers.

Muitos desses litros são consumidos nas pomposas suites, os espaços mais caros do recinto e que custam, em média, 16 mil dólares por jogos. Não lhes falta nada, desde catering a todo o tipo de bebidas, televisões e até confortáveis sofás e poltronas numa zona mais reservada.

É dali que temos a primeira vista para o interior da arena mais famosa do Mundo e nos é explicada a logística de um recinto que recebe espetáculos musicais e que é a casa de duas equipas de modalidades tão distintas jogadas em diferentes pisos. «Num campo de hóquei no gelo é preciso 24 horas para congelar e outras 24 para o processo de descongelação. Mas aqui tem de ser diferente. O campo de basquetebol é posto sobre o gelo, que nunca é descongelado durante a época.»

O processo de reconversão de um campo para o outro é feito em apenas duas horas e meia, nas quais são meticulosamente colocados ou retirados os milhares de pedaços de madeira da quadra de basquetebol.

Na manhã em que o Maisfutebol visita o MSG, e porque a época já terminou para Knicks e Rangers, não está lá nenhuma das superfícies, mas sim o piso original do MSG, de cor cinzenta. «Se o piso que estão a ver fosse preto, isso significava que havia gelo por baixo.»

No Madison Square Garden não há um único lugar sem vista para todos os pontos do campo. Até mesmo os lugares cuja vista parece obstruída por uma finíssima ponte construída em 2013 para os jornalistas durante a cobertura dos jogos. Daí só não se vê o gigante ecrã, colocado no topo central da arena, em forma de cubo: pesa 22 toneladas, o equivalente a quatro elefantes.

Descemos até aos balneários. No acesso, o chão, também cinzento, está marcado pelas laminas dos patins. Separados pela largura de um estreito corredor, o balneário dos New York Rangers fica à esquerda e o dos Knicks à direita. O primeiro é oval, o segundo arredondado e ambos têm dimensões relativamente pequenas.

Braden conta que a configuração foi ideia de Mark Messier, um dos melhores hoquistas de sempre, vencedor de seis campeonatos e jogador dos Rangers ao longo de uma década distribuída por duas passagens. Líder nato, Messier não queria nenhum jogador encostado a um canto de uma sala. Entendia que o formato oval permitiria que todos pudessem olhar-se nos olhos. Sempre. E isso fortalecia o espírito de grupo e o sentimento de igualdade. Se nenhum dos balneários é grande, o dos Knicks é mesmo o mais pequeno de toda a NBA.

O Madison Square Garden não é só uma arena para eventos desportivos e musicais. É também um museu diariamente alimentado e que foi pisado, ao longo de décadas, por muitas das personalidades mais importantes dos Estados Unidos e do Mundo, como Nelson Mandela. À entrada tem, inclusive, um Walk of Fame, criado em 1992 para homenagear, com uma placa em bronze, artistas, atletas, treinadores e outras figuras que ali pincelaram, com diferentes instrumentos de trabalho, momentos que ficaram na história: Michael Jordan, Larry Bird, Kareen Abdul-Jabbar, Martina Navratilova, The Rolling Stones, John McEnroe, Wilt Chamberlain e vários outros.

Que o Walk of Fame da arena mais famosa do Mundo continue a crescer. Assim o permita uma estação de comboio.

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