Rita Sá Machado considera que não existe aposta suficiente do Governo nas equipas de saúde pública, responsáveis pela promoção da saúde e prevenção da doença. Para a diretora-geral da saúde, esta é uma vertente “importantíssima”, que precisa de mais investimento financeiro.
“Estamos a esquecer uma grande fatia que costuma ser o parente pobre, que é a promoção da saúde e a prevenção da doença”, garantiu Rita Sá Machado na CNN Summit desta quinta-feira. No Centro Cultural de Belém, a responsável sublinhou a importância de direcionar mais verbas para a área da saúde pública.
“O investimento na saúde é sobretudo focado e canalizado para aquilo que são cuidados de saúde. A OCDE diz-nos que o investimento na saúde pública nem chega a 1% daquilo que é o nosso financiamento”, apontou. Rita Sá Machado sublinhou que a área da promoção da saúde e da prevenção da doença não foi alvo de aposta pelo Governo, apelando ao próximo Executivo o fazer, atribuindo “mais verbas”.
Apesar de afirmar que é visto como “o parente pobre”, a diretora-geral da saúde sublinha o papel central das equipas de saúde pública. “As equipas estão no terreno. Não são cuidados de saúde primários nem cuidados de saúde hospitalares – são um pouco aqueles que fazem a ponte entre os dois e outros setores da sociedade”, explicou.
O papel que desempenham na literacia dos cidadãos, por exemplo em como lidar com os períodos de maior calor ou na preparação do envelhecimento, que “começa desde o nascimento”, é também essencial. “É importante cada vez mais nos focarmos em fazer as pessoas perceberem que também são responsáveis pela sua saúde”, disse Rita Sá Machado.
A diretora-geral da saúde pediu assim que não se esqueça a saúde pública na reorganização do SNS, que afirma ser “uma área de relevo”.
Noutro ponto, a responsável negou um “esvaziamento” da DGS, por ter perdido a coordenação das políticas de saúde mental para a secretaria-geral do Ministério da Saúde, que diz ter sido motivado por “questões mais vocacionadas para a organização dos serviços”.
“Não significa que não trabalhamos em parceria, porque trabalhamos. O nosso papel é não deixar que haja esse esvaziamento numa casa que tem 125 anos e um legado importante para o futuro dos portugueses”, afirmou.