A Rússia decidiu retirar as credenciais ao cônsul honorário português em Nizhni Novgorod após o Governo ter exonerado o cônsul honorário russo em Portugal. Uma decisão que foi tomada após uma investigação da CNN Portugal ter revelado que Bruno Valverde Cota, o cônsul honorário russo no Algarve, promovia uma empresa que tratava de vistos gold.
Em fevereiro, o Ministério dos Negócios Estrangeiros anunciou a retirada do "exéquatur (documento emitido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros do país anfitrião) ao Cônsul Honorário da Rússia no Algarve", por "desenvolvimento de atividades que não estão em conformidade com a Convenção de Viena sobre Relações Consulares".
Agora, após essa decisão do Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Kremlin decidiu retaliar, exonerando Acácio Durães da posição de cônsul de Portugal naquela cidade, confirmou a CNN Portugal junto de fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
"O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa decidiu revogar o exequatur do Cônsul Honorário da República Portuguesa em Nizhny Novgorod, Acácio Ferreira (Durães). As notas correspondentes foram enviadas ao Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal e à Embaixada de Portugal em Moscovo", - diz a declaração de Sergey Lavrov, citada pela agência de notícias RIA.
Durães era Cônsul Honorário de Portugal desde Julho de 2015 e exercia as suas actividades na região de Nizhny Novgorod.
Já Bruno Valverde Cota, que foi nomeado cônsul honorário pela Embaixada da Rússia em 2020, mantinha ligações com a empresa Optimistic Plus, Lda, que fundou em 2012 com o objetivo de prestar, entre outras atividades, serviços de consultoria financeira, imobiliária e de marketing.
No website da empresa de que era titular o cônsul honorário, anunciavam-se serviços de “investimentos e vistos gold”, nos quais se incluem três opções que começam nos 280 mil euros para propriedades em áreas de baixa densidade populacional e podem chegar aos 500 mil euros.
Na altura, a embaixada da Rússia em Portugal garantiu à CNN Portugal “não ter conhecimento de que o cônsul honorário alegadamente trate de vistos gold” e sublinhou que Bruno Valverde Cota seria “alguém com um forte sentido ético e muito sensível a este tipo de questões”.