Turquia apreende navio com bandeira russa que transportaria cereais roubados à Ucrânia - TVI

Turquia apreende navio com bandeira russa que transportaria cereais roubados à Ucrânia

O navio Zhibek Zholy ancorado perto da costa do Karasu no Mar Negro (Photo by OZAN KOSE/AFP via Getty Images)

Confrontado com as denúncias, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, confirmou que, de facto, o navio tinha bandeira russa, mas que tal não significa que pertença a Moscovo

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A Turquia está a investigar um navio com bandeira russa que transportava milhares de toneladas de cereais, carga que partiu do porto ucraniano de Berdiansk, em Zaporizhzhia, que está agora ocupado pelas tropas invasoras.

As autoridades turcas deram início a uma investigação depois de a Ucrânia ter denunciado que o navio - Zhibek Zholy - saiu do seu porto de Berdiansk, com 7.000 toneladas de cereais a bordo, de acordo com o The Guardian.

Isto depois de o chefe da administração civil e militar da região de Zaporizhzhia, que foi nomeado por Moscovo, ter anunciado, na quinta-feira, a saída do "primeiro navio comercial do porto de Berdiansk". Numa mensagem divulgada no Telegram, citada pela agência EFE, Yevgeny Balitsky afirmou que o navio transportava "7.000 toneladas de cereais destinados a países amigos", sem nomear um destino em específico.

O Zhibek Zholy está agora ancorado ao largo da costa de Karuso enquanto as autoridades turcas prosseguem com a investigação em torno da origem dos cereais e do navio.

Confrontado com as denúncias, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, confirmou que, de facto, o navio tinha bandeira russa, mas que tal não significa que pertença a Moscovo. "Penso que pertence ao Cazaquistão e a carga estava a ser transportada ao abrigo de um contrato firmado entre a Estónia e a Turquia", acrescentou.

Os ucranianos têm vindo a acusar a Rússia de roubar cereais dos territórios ocupados para exportação. O bloqueio dos portos ucranianos pelos russos causou uma forte perturbação nas exportações deste país, nomeadamente de produtos agrícolas e adubos, para todo o mundo (as exportações de cereais da Ucrânia representam 15% do abastecimento mundial).

O envolvimento da Turquia

Além de chamar a atenção para as acusações de roubo de cereais por parte dos russos, este caso do Zhibek Zholy coloca o governo da Turquia numa posição complicada, tendo em conta que o país continua a tentar assumir-se como o mediador do conflito entre Moscovo e Kiev, incluindo nesta questão do abastecimento global de alimentos.

Na verdade, a Turquia está envolvida neste caso pelo menos desde o passado dia 30 de junho, quando o gabinete do procurador-geral da Ucrânia enviou uma carta ao Ministério da Justiça turco a denunciar a "exportação ilegal de cereais ucranianos" através do Zhibek Zholy, que se dirigia para Karasu. A Turquia foi assim solicitada a "realizar uma inspeção deste navio marítimo, apreender amostras de cereais para investigação e exigir informações sobre a origem dos cereais".

Em entrevista a uma televisão ucraniana, no domingo, o embaixador da Ucrânia na Turquia, Vasyl Bodnar, disse esperar que os cereais sejam confiscados. "Estamos a cooperar totalmente. O navio está atualmente ancorado perto da entrada do porto. Foi detido pelas autoridades turcas", confirmou.

Apesar dos esforços, a verdade é que as autoridades turcas e ucranianas estão a ter dificuldades em conseguir identificar a origem dos cereais. As administrações nomeadas pela Rússia em territórios ocupados da Ucrânia também já disseram estar a trabalhar em colaboração com agricultores locais para libertar os cereais no mercado mundial.

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