O lucro do Santander Totta aumentou 38% para 334 milhões de euros no primeiro semestre, impulsionado pelo aumento das taxas de juro. “São [resultados] muito positivos. Não fogem à regra do que tem sido apresentado pelos bancos no mundo inteiro, particularmente na Europa”, disse o CEO Pedro Castro e Almeida na apresentação dos resultados.
“Além da margem, o que tem melhorado [nos resultados] foi a transformação que fizemos. Mas o principal driver foi a margem financeira”, destacou o gestor máximo do banco português que se prepara para liderar o negócio do grupo na Europa.
A margem financeira — a diferença entre os juros pagos nos depósitos e os juros cobrados nos empréstimos — ascendeu a 586,5 milhões de euros, mais 58,4% em relação ao mesmo período do ano passado. As comissões líquidas tiveram um decréscimo de 3,5% para 231,2 milhões.
Como tem acontecido com os outros bancos, o volume de negócios também caiu. Em termos de crédito a clientes, o Santander Totta registou um decréscimo de 4% ara 41,9 mil milhões. O administrador financeiro Manuel Preto explicou que há dois fatores que explicam esta evolução: as amortizações antecipadas no crédito à habitação nas famílias e a redução da procura por parte das empresas, que estão a gerar cash flows suficientes para evitar o recurso ao financiamento bancário.
Quanto aos recursos de clientes, deu-se uma quebra de 7,2% para 44,3 mil milhões de euros. Além da amortização dos empréstimos com recurso aos depósitos, outra boa parte da fuga das poupanças teve como destino os Certificados de Aforro.
Castro e Almeida prevê que o volume de negócios dos bancos continue a contrair nos próximos anos: “Vai continuar a haver um decréscimo [no crédito e nos depósitos] enquanto estivermos nesta situação de crescimento económico muito baixo ou de recessão, no caso da Europa”.
Banif? “Não nos passa pela cabeça que contrato não seja cumprido”
O Santander Totta está a reclamar quase 160 milhões de euros ao Estado por conta de uma disputa relacionada com impostos diferidos do Banif, adquirido em 2015, que a Autoridade Tributária recusou pagar.
“Mais do que uma disputa, é um tema com a Autoridade Tributária. O Banco de Portugal não tem dúvida dos acordos assinados com o Santander naquele fim de semana. O Banco de Portugal tem reiterado que estes prejuízos fiscais foram transmitidos para o Santander Totta”, disse Manuel Preto.
“Aquilo que o banco espera é o cumprimento do que foi negociado durante o fim de semana [da compra do Banif]. Não nos passa pela cabeça que os contratos não seja cumpridos”, acrescentou o administrador financeiro.
Questionado sobre o desfecho deste caso, Manuel Preto avançou que “há várias formas de garantir que esses contratos sejam cumpridos”.
Neste ponto, Castro e Almeida referiu que “se tiver se ser o tribunal a dirimir, não há drama nenhum”. “Os DTA faziam parte dos ativos. Se há uma interpretação da Autoridade Tributária que tenha de ser dirimida pelo tribunal, seja”, disse.
(Notícia atualizada às 10h52)