Bruno Fernandes esteve na conferência de antevisão do jogo deste sábado frente à República da Irlanda, elogiou Nuno Mendes, falou no ambiente que se vive na seleção e na forma como, dentro de campo, mais pode ajudar os companheiros.
O presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, disse que Nuno Mendes era o melhor jogador do Mundo. Partilha dessa opinião?
«Ainda o apanhei no Sporting. A primeira pré-época que faz é comigo lá ainda, na Suíça. Já conheço o Nuno há muitos anos, sempre foi um miúdo envergonhado, mas extrovertido ao mesmo tempo. Acho que o Nuno está nas bocas do mundo por uma só razão que é a qualidade dele. É sem dúvida um dos melhores jogadores do mundo, agora se é o melhor ou não, não me cabe a mim decidir. Se fosse eu a escolher, todos os anos seriam portugueses. Temos muitos nomes de alto nível e os jogadores do Paris Saint-Germain saem nas bocas do mundo pela grande época que tiveram a nível coletivo e individual. Infelizmente para nós, nenhum deles conseguiu levar esse título de melhor jogador do mundo, mas o facto de lá estarem entre os melhores é um motivo de orgulho, não só para nós, mas para todos os portugueses. É sinal do que eles têm vindo a fazer é dignificar o nosso país ao mais alto nível e isso é algo de louvar. São jogadores de um nível extremamente alto.»
Numa conversa recente entre Steven Gerrard e Rio Ferdinand, eles assumiram que na geração deles havia mau ambiente na seleção inglesa. O bom ambiente na seleção portuguesa pode ser importante para a fase final do Mundial?
«Tendo um ambiente sano e positivo é sempre melhor do que não ter esse ambiente, agora se só isso chega para ganhar, não, porque acredito que muitas seleções tenham um excelente ambiente e acabam por não conseguir ganhar. Acho que há que juntar um bocadinho de tudo. O mais importante quando vais para a seleção é meter o ego de lado. Aqui jogamos em grandes clubes, somos quase todos titulares nos nossos clubes, todos queremos jogar, todos ficamos aziados quando não jogamos, mas há que tornar essa azia em algo positivo que possa acrescentar à seleção alguma coisa. Principalmente quando vamos naquele período de duas horas antes do jogo e durante o jogo. A azia tem de desaparecer porque há algo maior dentro do grupo. Não estive nessa seleção de Inglaterra para saber como é que era o ambiente, mas aqui o ambiente é muito bom, a qualidade é muito grande, há que juntar tudo isso para que os resultados continuem a aparecer.»
No Manchester United tem jogado numa posição mais recuada. Isso pode mudar o seu rendimento na seleção? É muito diferente ver o jogo numa posição mais recuada?
«Gosto de jogar futebol, independentemente da posição, podem-me meter a lateral, a a extremo, a guarda-redes, vou dar o meu melhor, dentro da minha qualidade, em cada posição. Toda a gente tem posições preferidas, mas num espaço com tanta qualidade, tens de te adaptar às ideias do treinador, independentemente de gostares ou não. É uma posição que eu já fazia com o mister Jorge Jesus no Sporting. Muitas vezes jogava ao lado do William Carvalho ou do Bataglia, quando encontrávamos equipas com blocos mais baixos para tentarmos ter mais jogadores ofensivos. Quando vês o jogo de frente tens mais tempo para pensar, tens mais espaço, tens menos pressão, o risco é menor. Quando jogo como número 10, o meu objetivo é criar jogadas, criar oportunidades, encontrar espaços, tentar cruzamentos e finalizar. Tudo muda em função da equipa onde jogas, dos jogadores que tens contigo. Eu adapto-me àquilo que é o jogo coletivo. O mais importante, seja aqui ou no United, é ter resultados positivos. Se estiver que estar menos influente em termos individuais, mas sair melhor o coletivo com os resultados, é o mais importante para mim».