Serviço de Atendimento Complementar de Coimbra abriu sem médico devido à greve - Sindicato - TVI

Serviço de Atendimento Complementar de Coimbra abriu sem médico devido à greve - Sindicato

  • Agência Lusa
  • DCT
  • 7 set, 14:53
Médico (Freepik)

A Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra anunciou, num comunicado, que o SAC iria entrar hoje em funcionamento, “em fase de testes”

O Serviço de Atendimento de Coimbra (SAC) abriu este sábado no Centro de Saúde Fernão Magalhães, mas não está a funcionar em pleno devido à greve dos médicos, disse à Lusa fonte sindical.

Segundo o médico de Medicina Geral e Familiar e dirigente da direção do Sindicato dos Médicos da Zona Centro, Ivo Reis, “o médico que estava escalado para prestar hoje serviço não compareceu por estar em greve”.

“O Serviço de Atendimento de Coimbra está aberto com uma enfermeira, uma administrativa, uma auxiliar e a diretora clínica”, precisou.

A Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra anunciou, num comunicado, que o SAC iria entrar hoje em funcionamento, “em fase de testes”.

“Acredita-se que esta resposta deve ser assegurada por médicos e enfermeiros de família, que conhecem a população do concelho, nos princípios da Medicina Geral e Familiar. O esforço solicitado a cada médico e enfermeiro de família da ULS de Coimbra implica um fim de semana por ano, com um impacto mínimo na atividade regular das unidades de cuidados de saúde primários”, lê-se na nota enviada à agência Lusa.

Ivo Reis salientou que não estão “contra os médicos trabalharem ao fim de semana, se isto prestar serviço à população”.

“Somos contra este serviço que não tem sentido. A ULS de Coimbra abre um serviço para 180 mil utentes, com 24 vagas. Se existem 24 senhas para tirar, isto vai ser uma enchente surreal, que vai obrigar a quem está lá a uma pressão exagerada, que é ter que fazer triagem de quem é atendido e quem não atende”, explicou o dirigente que integra a direção do Sindicato dos Médicos da Zona Centro.

O médico da Unidade de Saúde Familiar de Celas revelou que os profissionais defendem outro tipo de medidas, nomeadamente, a possibilidade de poder abrir o seu serviço aos sábados, com 50% do horário para consultas programadas e outros 50% para consulta aberta “para quem aparecesse para consulta aguda”.

“Imaginemos que um bebé precisa de ser observado. Os pais trabalham, é lícito estarmos sempre a obrigar as pessoas a irem durante a semana ao centro de saúde? Temos de começar a pensar que as pessoas querem outras alternativas também assistenciais”, adiantou.

Ivo Reis compara o SAC a um serviço de talho: “tira senha pode calhar consulta ou não e se for atendido não conhece sequer o médico que lá está”.

O médico considera um “contra-senso” o facto de a ULS ter impedido os médicos de abrir as suas USF ao sábado, mas de pôr a funcionar o SAC. “Foi-nos retirada a possibilidade de abrir todos os centros de saúde, para isto? Uma coisa ‘popularucha’, porque temos um centro de saúde novo? Vamos servir quem? Não vamos servir ninguém”, criticou.

O médico admite que o serviço no SAC é “apetecível” financeiramente, já que o profissional pode receber 350 euros, por exemplo, se for assistente graduado e uma folga. “Posso ir lá trabalhar um fim de semana, ganhar dinheiro e não ir trabalhar na semana seguinte. O meu fim de semana está garantido na mesma. A não ser as 30 consultas que eu deixo de fazer no centro de saúde”, apontou.

No comunicado, a ULS de Coimbra explica que o SAC é “um serviço de qualidade onde o acesso é garantido mediante agendamento”. Por outro lado, “ao contrário do Serviço de Urgência (taxa moderadora mínima entre 14 e 18 euros) ou de respostas privadas, este serviço é gratuito para os utentes e o utente saberá sempre a que horas será observado pelo médico”.

O doente passará também a “ter uma resposta médica de análises clínicas compreensiva, programada e ajustada às suas necessidades”.

“Considerando o horário de funcionamento do SAC (10-18h), é aceitável considerar uma capacidade diária para a realização de 30 atendimentos por equipa”, acrescenta a nota.

A agência Lusa tentou contactar a Unidade Local de Saúde de Coimbra, mas não obteve resposta até ao momento.

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