NOTA | O BCE tem três taxas de juro de referência:
- A taxa das principais operações de refinanciamento, sob a qual os bancos podem contrair empréstimos junto do BCE pelo prazo de uma semana: está nos 4,25% mas esteve fixada em zero entre março de 2016 e julho do ano passado - vai subir agora para 4,5%;
- A taxa de depósito, que determina os juros que os bancos recebem pelos depósitos realizados junto do BCE: está em 3,75%, vai passar a ser de 4% - o valor mais elevado de sempre. Mas entre julho de 2012 e junho de 2013 era de zero. E entre junho de 2013 e julho do ano passado era negativa, obrigando os bancos a pagar pelos depósitos que faziam no BCE;
- E a taxa de cedência de liquidez, que determina o juro que os bancos pagam quando contraem empréstimos junto do BCE pelo prazo de um dia (overnight). Está atualmente em 4,50% - vai aumentar para 4,75%
SIMULAÇÕES
Quanto já aumentou e quanto poder subir em outubro a prestação da casa (simulações com base na informação conhecida até 13 de setembro)
Empréstimo a 30 anos com spread de 1%
(Dados das Euribor de setembro apenas até dia 13)
EURIBOR 3 MESES
|
|
|
|
|
|
EURIBOR 6 MESES
|
|
|
|
|
|
EURIBOR 12 MESES
|
|
|
|
|
|
Política do BCE já levou a aumentos de 80% nas prestações a pagar ao banco
Apesar do que foi decidido esta quinta-feira pelo BCE, a evolução das Euribor já dá sinais de que a subida das taxas que servem de indexante ao crédito à habitação está perto do fim.
Em agosto, a média da Euribor 12 meses, a taxa mais utilizada nos contratos de crédito em Portugal, já foi inferior a julho. Já a Euribor 6 meses apenas aumentou duas milésimas de ponto percentual entre julho e agosto e a Euribor 3 meses aumentou 0,108 pontos percentuais, ainda assim, o aumento mais baixo desde junho do ano passado.
Os dados de setembro já conhecidos, apenas dos primeiros 13 dias do mês, parecem confirmar a tendência de estagnação das taxas. A média da Euribor 12 meses está a subir face a agosto, mas apenas três milésimas de ponto percentual, na Euribor 6 meses a subida é de nove milésimas e mesmo na Euribor 3 meses a subida é de apenas 0,026 pontos. Ou seja, as três taxas estão praticamente inalteradas face ao mês anterior.
Estes dados não significam, no entanto, que as prestações a pagar ao banco também estejam a estagnar. Isto porque a comparação não é feita mês a mês, mas face à última revisão do contrato. Para quem tenha como indexante a Euribor 12 meses, por exemplo, e que o seu contrato seja revisto em outubro, a taxa de juro relevante a considerar será a média de setembro. Com os dados já conhecidos, a taxa está nos 4,074%, mas este valor terá de ser comparado com a taxa praticada em setembro do ano passado, ou seja, 2,233%. É por isso que os titulares de contratos revistos em outubro ainda vão sentir um aumento significativo da prestação a pagar ao banco.
Pegando no exemplo de um crédito à habitação de 150 mil euros a 30 anos, com um spread de 1%, indexado à Euribor 12 meses, e tendo por base apenas os dados conhecidos de setembro, a prestação passará a ser de 812,21 euros quando há um ano era de apenas 651,41 euros, um aumento de mais de 160 euros.
Os aumentos variam consoante o indexante e o montante do empréstimo, mas a tendência é a mesma. Mesmo que as taxas de juro estejam a estagnar, ainda serão precisos mais meses em que se mantenham estagnadas ou que comecem a descer para que as prestações a pagar também venham a estagnar ou a descer.
E se as subidas de taxas de juro provocaram aumentos significativos no último ano, se se analisar o aumento verificado desde que as taxas Euribor começaram a subir, sensivelmente em janeiro de 2022, então, o aumento das prestações é ainda mais significativo.
Seguindo o mesmo exemplo de um contrato de 150 mil euros a 30 anos, com um spread de 1%, os aumentos ficam em redor dos 80%.
Um contrato indexado à Euribor 3 meses em janeiro do ano passado obrigava a uma prestação de pouco mais de 444 euros e, em outubro deste ano, poderá ultrapassar os 787 euros, uma subida de mais de 340 euros ou 77%. Para o mesmo exemplo, mas com a Euribor 6 meses como indexante, a prestação passa de 447 euros para 801 euros, um aumento de 354 euros ou 79%. E para um contrato indexado à Euribor 12 meses, o aumento é ligeiramente superior a 80%, com a prestação a passar de 450 euros para 812 euros, mais de 361 euros de diferença.