Covid-19: DGS diz que vacina da AstraZeneca só deve ser dada a pessoas até aos 65 anos - TVI

Covid-19: DGS diz que vacina da AstraZeneca só deve ser dada a pessoas até aos 65 anos

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  • Henrique Magalhães Claudino
  • 8 fev 2021, 08:52

Portugal junta-se a outros países da Europa que seguiram pelo mesmo caminho, como a França e Alemanha.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) considera que, até novos dados estarem disponíveis, a vacina contra da covid-19 da AstraZeneca deve ser preferencialmente utilizada para pessoas até aos 65 anos de idade.

Numa norma divulgada no seu ‘site’, a DGS acrescenta, no entanto, que "em nenhuma situação deve a vacinação de uma pessoa com 65 ou mais anos de idade ser atrasada" se só estiver disponível esta vacina.

A DGS recorda que a vacina da AstraZeneca está aprovada para prevenção da covid-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2, em pessoas com idade igual ou superior a 18 anos e diz também que "em nenhuma situação deve a vacinação de uma pessoa com 65 ou menos anos de idade ser atrasada se só estiver disponível uma vacina de mRNA".

Nas vacinas mRNA é introduzido no corpo um mensageiro de ácido ribonucleico (mRNA na sigla em inglês), que contém informação genética sobre o vírus e engana o corpo para que seja ele próprio a produzir a proteína do agressor.

Na norma hoje divulgada, a DGS informa que o esquema vacinal recomendado para esta vacina da Astrazeneca é de duas doses com intervalo de 12 semanas e lembra que, se após a 1.ª dose for confirmada infeção por SARS-CoV-2, "não deve ser administrada a 2.ª dose".

Se foi administrada a 1.ª dose a uma pessoa que tenha estado infetada por SARS-CoV2, não deve ser administrada a 2.ª dose, diz ainda a DGS, que recomenda que, se houver atraso em relação à data marcada para a 2.ª dose, ou, por qualquer motivo, não puder ser administrada a 2.ª dose, "a mesma será administrada logo que possível".

O esquema vacinal deve ser completado com uma dose de vacina da mesma marca", acrescenta.

Sobre a gravidez e amamentação, a DGS considera que "não existem dados sobre a administração desta vacina durante a gravidez" e que estudos feitos em animais "não indicaram efeitos negativos no feto ou na grávida".

Se os benefícios esperados ultrapassarem os potenciais riscos para a mulher, a vacina poderá ser considerada, por prescrição do médico assistente. Não é necessário evitar a gravidez após a vacinação", considera.

A DGS lembra ainda que se desconhece-se se a vacina é excretada no leite humano, no entanto, "por ser uma vacina de um vetor viral geneticamente modificado sem capacidade replicativa, não é expectável a existência de efeitos adversos na criança amamentada, à semelhança das vacinas inativadas" e sublinha que as mulheres que estejam a amamentar e sejam pertencentes a grupos de risco "podem ser vacinadas" e que "não se recomenda parar a amamentação após a vacinação".

Na norma, a autoridade nacional de saúde recorda que "as pessoas com sintomas sugestivos de covid-19 não devem dirigir-se à vacinação sem que seja excluída a infeção por SARS CoV-2" e que as que estiverem em isolamento profilático "devem adiar a vacinação para quando este terminar".

Se, entretanto, desenvolverem sintomas e for confirmada a infeção por SARS CoV-2, não serão priorizadas para a 1.ª dose da vacina e não será administrada a 2.ª dose se já tiverem recebido a 1.ª dose", esclarece.

A DGS refere que não está estudada a interação da vacina da AstraZeneca com outras, mas, uma vez que se trata de uma nova vacina e "para permitir a valorização de eventuais efeitos adversos, a administração desta vacina deve, sempre que possível, respeitar um intervalo de duas semanas em relação à administração de outras vacinas".

Contudo, "se tal implicar um risco de não vacinação, a mesma não deve ser adiada", recomenda.

A DGS refere que os ensaios clínicos da vacina da AstraZeneca incluíram pessoas com comorbilidades como obesidade (IMC ≥30.0 kg/m2), doença cardiovascular, doença respiratória e diabetes e que a eficácia "foi semelhante nos participantes com e sem uma ou mais destas comorbilidades".

Esta vacina é constituída por um vetor viral (adenovírus) geneticamente modificado, sem capacidade replicativa, não havendo por isso contraindicação à sua administração em pessoas com imunodeficiência, à semelhança das vacinas inativadas", acrescenta.

Quanto a quem faz terapêutica com produtos contendo imunoglobulinas humanas, a DGS diz que não existem ainda estudos para esta vacina.

No entanto - sublinha -, segundo as indicações do Programa Nacional de Vacinação, "a interação entre imunoglobulinas (Ig) e vacinas inativadas é reduzida, pelo que estas podem ser administradas em simultâneo, antes ou depois da administração de produtos contendo imunoglobulinas, desde que em locais anatómicos diferentes".

Quanto às pessoas com doença autoimune ou autoinflamatória, não existe evidência de que a vacinação cause agravamento ou precipite crise aguda.

Esta vacina, desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford, terá de ser tomada em duas doses, com intervalo de 12 semanas.

Portugal junta-se a vários países da Europa que decidiram pelo mesmo procedimento, como a França e a Alemanha.

 

Espanha, Itália e Bélgica, por exemplo, decidiram que só vão administrar a vacina quem tem menos de 55 anos.

O problema para alguns reguladores europeus é que afirmam que o número de infetados no ensaio da AstraZeneca com mais de 65 anos é baixo e não permite tirar conclusões sobre a eficácia da vacina. Apenas duas das 660 pessoas nessa faixa etária foram infetadas pelo novo coronavírus.

Portugal recebeu este domingo um lote de 43.200 vacinas da AstraZeneca, o primeiro deste laboratório, informou a task force para o plano nacional de vacinação contra a covid-19. Esta entrega ocorre no mesmo dia em que a África do Sul anunciou a suspensão temporária do seu programa de vacinação covid-19 após um estudo ter demonstrado uma eficácia "limitada" da vacina AstraZeneca/Oxford contra a variante do novo coronavírus detetada no país.

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