Covid-19: há 63 escolas e 107 lares de idosos com surtos ativos - TVI

Covid-19: há 63 escolas e 107 lares de idosos com surtos ativos

  • Rafaela Laja
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  • AM - notícia atualizada às 23:40
  • 23 out 2020, 20:38

Marta Temido salienta, no entanto, que não faz parte da estratégia “encerrar escolas a não ser em casos extremos, algo que a Organização Mundial da Saúde tem apelado”

Portugal contabiliza, esta sexta-feira, 63 escolas e 107 lares de idosos com surtos ativos de covid-19, anunciou a ministra da Saúde, Marta Temido.

Na conferência de imprensa de atualização sobre a evolução da pandemia, a ministra foi questionada sobre o encerramento das escolas dos agrupamentos de Borba e Vila Viçosa, no distrito de Évora, devido aos casos de covid-19 e se tal também vai acontecer nos estabelecimentos de ensino de Lousada, Felgueiras e Paços de Ferreira, onde o aumento do número de casos mereceu medidas especiais anunciadas na quinta-feira pelo Governo.

A governante explicou que a decisão das autoridades de saúde pública é "médica e tomada em função de um determinado contexto" e que "a regra é não fechar escolas".

Relativamente a Felgueiras, Paços de Ferreira e Lousada a decisão não foi o encerramento de escolas porque o que nós queremos controlar é uma disseminação da infeção em termos de outros contextos. A disseminação está muito associada a outros contextos que não são especificamente o trabalho ou a escola”, afirmou.

Marta Temido salientou também que não faz parte da estratégia “encerrar escolas a não ser em casos extremos, algo que a Organização Mundial da Saúde tem apelado”.

Capacidade máxima do SNS é de 17.700 camas 

A capacidade máxima de resposta dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para assistência na pandemia de covid-19 é de cerca de 17.700 camas, esclareceu a ministra da Saúde.

A governante recordou que as unidades hospitalares do SNS dispõem de uma capacidade total de cerca de 21.000 camas, mas que nem todas podem ser enquadradas num contexto de resposta potencial, pelo facto de estarem incluídas nesse número hospitais especializados, como unidades psiquiátricas

Para efeitos de resposta potencial, estas são 19.700 camas em hospitais gerais: 34% no Norte, 21% no Centro, 36% em Lisboa e Vale do Tejo, 4% no Alentejo e 5% no Algarve. Das cerca de 19.700 camas, algumas não podem ser consideradas para resposta a picos de afluência, com camas afetas a acidentes vasculares cerebrais, problemas coronários ou neonatologia. Por regra, para a nossa contabilização são contabilizadas apenas camas médico-cirúrgicas, ou seja, 17.700. Esta é a capacidade máxima”, afirmou.

“Pressão especial no Norte” dita hospital de campanha em Penafiel

A ministra da Saúde, Marta Temido, revelou que está a ser instalado um hospital de campanha em Penafiel para ajudar no combate à pandemia de covid-19, assumindo que a capacidade de assistência no Norte está sob pressão.

Há uma pressão especial no Norte, daí que esteja a ser montado neste momento um hospital de campanha no perímetro do hospital de Penafiel, integrando o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa”, afirmou a governante.

De acordo com Marta Temido, a gestão do número de camas passa por diferentes entidades que se articulam em vários níveis, relembrando que “os hospitais do Serviço Nacional da Saúde trabalham para dar resposta a todo o tipo de necessidades em saúde”.

Com efeito, a instalação de hospitais de campanha, também conhecidos como ‘hospitais de retaguarda’, era uma das medidas inseridas no plano outono-inverno 20-21.

A gestão de camas é uma responsabilidade, em primeira mão, de cada administração hospitalar, mas também, concertadamente, de cada Administração Regional de Saúde e, em rede, entre todos os hospitais públicos, sendo esta gestão dinâmica e constante”, asseverou a ministra.

500 mil testes rápidos da Cruz Vermelha

O Ministério da Saúde aceitou a proposta de fornecimento de 500 mil testes rápidos de deteção de infeção com o novo coronavírus apresentada pela Cruz Vermelha, anunciou a ministra da tutela, Marta Temido.

Na conferência de imprensa sobre a evolução da pandemia em Portugal, a governante revelou que estes testes vão chegar por fases e que a primeira entrega deve ocorrer no início do próximo mês.

“O ministério da Saúde aceitou a disponibilidade da Cruz Vermelha Portuguesa para o fornecimento de testes rápidos. Estão pré-reservados, pela Cruz Vermelha Portuguesa, um total de 500 mil testes. [Serão recebidos] em tranches, de forma faseada, ao abrigo de um financiamento europeu. A primeira fase de entrega, 100 mil testes, será na primeira semana de novembro e serão utilizados nas condições definidas pela norma de estratégia nacional de testes para a SARS-CoV-2 em contexto de surtos”, observou.

Marta Temido clarificou mais à frente na conferência de imprensa que a integração destes testes rápidos não vai pesar no financiamento previsto para o Ministério da Saúde no Orçamento do Estado e que estes testes antigénio serão aproveitados para lidar com surtos em lares, segundo uma norma que vai sair “até ao final desta semana”.

Adicionalmente, a ministra da Saúde informou que a emissão de requisição de testes de diagnóstico da covid-19 a partir da linha SNS24 foi ativada hoje de manhã, como meio para agilizar a disponibilização de testes numa fase de crescimento acentuado das infeções e num dia em que o país bateu o recorde de pessoas internadas (1.418) em hospitais devido à doença provocada pelo novo coronavírus.

Concelhos próximos de Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira em avaliação

A ministra da Saúde disse que há concelhos na região Norte que “merecem maior preocupação” e estão a ser avaliados “muito concretamente” pelas autoridades de saúde, nomeadamente aqueles que ficam próximos de Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira.

“Neste momento estamos a avaliar a situação epidemiológica, não só de todo o país, mas muito concretamente de alguns concelhos da região Norte e há concelhos que merecem maior preocupação, designadamente concelhos limítrofes porque a confluência geográfica e a movimentação de pessoas são fatores que agravam o risco, estamos a avaliar essa situação”, disse Marta Temido na conferência de imprensa de atualização de informação relativa à infeção pelo novo coronavírus.

A ministra sublinhou que foi declarada no país a situação de calamidade para se poder ter “uma margem de manobra que permita agravar as medidas se for necessário”.

Sobre as medidas de restrição decretadas na quinta-feira pelo Governo para Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira, a governante afirmou que foi uma combinação de fatores que levou à decisão relativa a estes três concelhos.

“O que levou a tomar esta decisão teve a ver com a incidência de novos casos ao longo dos últimos sete e 14 dias, mas também com a velocidade de crescimento de novos casos e com a pressão que se está a sentir em termos de capacidade de resposta de serviços de saúde”, explicou.

Marta Temido referiu que se trata de “uma análise combinada de aspetos numéricos e fatores de capacidade de resposta e preocupação com a saúde desta população”, uma vez que são áreas geográficas com uma elevada densidade populacional e onde o risco de transmissão e de incidência é o mais alto do país.

Desde as 00:00 de hoje que concelhos de Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira, no distrito do Porto, têm o dever de permanência no domicílio, a proibição de quaisquer eventos com mais de cinco pessoas, bem como a obrigatoriedade de os estabelecimentos encerrarem às 22:00 e o teletrabalho ser obrigatório para todas as funções que o permitam.

Toda a região Norte tem mapas de risco

A ministra da Saúde disse hoje que toda a região Norte tem mapas de risco a funcionar e a avaliar a situação epidemiológica.

“Toda a região Norte já está com mapas de risco a funcionar e a avaliar a situação epidemiológica. São esses mapas de risco que norteiam a nossa decisão”, afirmou Marta Temido na conferência de imprensa de atualização de informação relativa à infeção pelo novo coronavírus.

A ministra explicou que os mapas de risco, que refletem a incidência de novos casos de covid-19 e a velocidade de crescimento da doença, é um processo recente que estava previsto no plano de saúde outono-inverno.

A governante frisou que todas as decisões tomadas em Lisboa e Vale do Tejo, designadamente nos concelhos da Amadora, Loures, Odivelas, Sintra e Lisboa, em junho e julho, foram baseadas na análise de mapas de risco.

No entanto, a ministra ressalvou que este instrumento deve ser utilizado “com prudência”.

“Pode ser um instrumento muito importante na adoção de medidas locais e regionais, pode ajudar a definir as fronteiras de zonas onde há uma maior transmissão, mas têm um impacto interpretativo nas pessoas. Não podemos esquecer que mapear uma zona com uma tipologia de cores pode ter algum efeito negativo na forma como se encaram determinadas localidades", avisou Marta Temido.

A ministra disse ainda que os mapas de risco “são um instrumento”, mas “não o único de tomada de decisão”.

Hospitais têm comissão de prevenção para detetar casos entre profissionais

A ministra da Saúde explicou que os hospitais têm uma comissão de prevenção da infeção, que tem “sempre detetado” os casos de profissionais infetados com covid-19, os quais estão enquadrados nos planos de contingência dos estabelecimentos de saúde.

“Cada instituição tem uma comissão de prevenção da infeção que aplica as medidas necessárias de controlo da infeção e de transmissão em ambiente covid ou em ambiente não covid. É com estas comissões que contamos para a prevenção da transmissão de infeção”, afirmou.

A ministra foi questionado sobre a forma como é acautelada a gestão de profissionais de saúde nos centros de saúde e hospitais para evitar que uma infeção feche uma unidade, como aconteceu centro de saúde de Borba ou situações como a do hospital de Santarém, com 82 de pessoas em isolamento.

Marta Temida sublinhou que “é um trabalho complexo” num contexto de uma doença de grande transmissibilidade e admitiu que a transmissão da covid-19 entre profissionais de saúde “é bastante preocupante”, nomeadamente pelos efeitos na capacidade assistencial.

“Mas felizmente tem sido sempre detetado por estas comissões e enquadrada naquilo que são os procedimentos e planos de contingência dos próprios hospitais”.

Requisição de testes de diagnóstico através do SNS24 desde hoje

O modelo de requisição de testes de diagnóstico à covid-19 através da linha de saúde 24 começou hoje a funcionar, à semelhança dos meses mais complexos de março e abril, avançou a ministra da Saúde.

Na conferência de imprensa de atualização de informação relativa à infeção pelo novo coronavírus, Marta Temido explicou que este modelo já esteve a funcionar em março e abril e tem os mesmos moldes de funcionamento que na primeira fase da pandemia, referindo que se trata de uma medida excecional e temporária.

“Não é uma prescrição aleatória, é uma prescrição que é feita baseada e tomada de acordo com um algoritmo previamente validado pela Direção-Geral da Saúde e aplicado estritamente nos termos que está desenhado pelo profissional na linha de saúde 24”, afirmou.

Marta Temido acrescentou que a emissão de requisição de testes de diagnósticos à covid-19 através da linha de saúde 24 está prevista para “uma fase mais complexa”, como aquela que se está agora a viver no combate à pandemia.

A ministra disse ainda que esta decisão foi tomada porque há muitas pessoas a dirigir-se aos cuidados de saúde apenas para obter a prescrição do teste e “isso é uma pressão desnecessária no Serviço Nacional de Saúde e adicionalmente pode ter impacto no atraso na realização do teste”.

Conselho de Saúde Pública recomenda maior aposta na prevenção

O Conselho Nacional de Saúde Pública (CNSP) recomendou uma "maior aposta nas medidas preventivas" da covid-19 e a alteração na comunicação da informação, com "mais clara separação" das intervenções políticas e técnicas, disse a ministra da tutela.

A ministra da Saúde, Marta Temido, falava em Lisboa na habitual conferência de imprensa de balanço da situação epidemiológica da covid-19 em Portugal, que hoje se realizou excecionalmente ao final da tarde por causa de uma reunião do CNSP.

Marta Temido destacou a "diversidade e pluralidade de opiniões" manifestadas pelos conselheiros, que voltam a reunir-se na próxima semana, a seu pedido.

A próxima reunião, cuja data não foi precisada, visa analisar medidas que poderão vir a ser tomadas, numa fase "tão complexa" da pandemia, adiantou a ministra, que enumerou "várias recomendações" feitas hoje pelo CNSP, órgão consultivo do Governo.

Entre as recomendações, Marta Temido destacou a "reformulação do modelo de comunicação", com "mais clara separação das linhas técnica e política", a "maior aposta nas medidas preventivas", a proteção dos "mais vulneráveis" (crianças e idosos) e dos profissionais de saúde, mantendo estes motivados, a "recuperação da humanização" e o "equilíbrio das respostas" nos cuidados de saúde.

A ministra referiu, ainda, que o CNSP alertou para a importância da "vantagem de antecipar o planeamento" da vacinação contra a covid-19, durante e após a pandemia, e da "boa comunicação e transparência" da informação como condição para a "confiança dos cidadãos".

Marta Temido disse não estranhar as recomendações feitas, atendendo ao "contexto" pandémico em que o país vive, "tão complexo", e a "gravidade da situação epidemiológica", quer em Portugal quer na Europa.

O CNSP é o órgão consultivo do Governo para a prevenção e o controlo das doenças transmissíveis e, em especial, para a análise e avaliação das situações graves, nomeadamente surtos epidémicos de grande escala e pandemias.

O Conselho Nacional de Saúde Pública integra representantes dos setores público, privado e social, incluindo as áreas académica e científica.

Dele fazem parte, por exemplo, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, que hoje não esteve na conferência de imprensa, ausência justificada pela ministra da Saúde com os trabalhos do CNSP.

É a segunda vez, desde o começo da pandemia da covid-19 em Portugal, que o Conselho Nacional de Saúde Pública se reúne.

Portugal contabilizou, esta sexta-feira, mais 31 mortos relacionados com a covid-19 e 2.899 casos confirmados de infeção com o novo coronavírus, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS).

De acordo com o boletim divulgado, desde o início da pandemia de covid-19 Portugal já contabilizou 112.440 casos confirmados e 2.276 óbitos.

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