O Clube Naturista do Algarve (CNA) promoveu, no passado Domingo, a terceira acção de limpeza do areal da praia do Barril em Tavira, no Algarve. A iniciativa contou com a presença de uma dúzia de naturistas e acabou com 80 quilos de lixo recolhidos.
A primeira edição da iniciativa surgiu, de acordo com Álvaro Campos, presidente da associação, porque os frequentadores da praia constataram que esta não era limpa e que não possuía caixotes do lixo.
Mais de 600 quilos de lixo foi o resultado da primeira limpeza de há três anos. A grande quantidade de lixo recolhido alarmou os banhistas que de imediato solicitaram uma reunião com a câmara municipal. Agora com caixotes colocados os números são muito inferiores, revelou ao Portugal Diário.
Os 80 quilos de dejectos recolhidos no passado fim-de-semana eram compostos na sua maioria por papel higiénico e garrafas que se espalhavam pela praia. «O facto de existir muito papel higiénico nas dunas só revela que existe falta de instalações sanitárias na praia e apesar das pessoas acharem que os nudistas são diferentes, nós somos humanos e temos necessidades», ironizou Álvaro Campos.
Vergonha e preconceito impedem jovens de fazer nudismo
Apesar de a necessidade de terem melhores condições na única praia de nudistas portuguesa, o presidente do CNA não poupou críticas aos membros, «quando é para trabalhar as pessoa não aparecem». Actualmente Álvaro Campos está já a preparar o processo para a aprovação oficial de mais três praias de nudistas algarvias.
Álvaro Campos acredita que a forma de ver o nudismo em Portugal tem evoluído principalmente a nível das autarquias, «Já chegamos mesmo a ser recebidos pelo Governador Civil», acrescentou.
«Os mais novos, por mais estranho que possa parecer, são os que menos aderem a esta opção porque, hoje em dia, existe muito o culto do corpo e os jovens têm vergonha e preconceito. Por questões culturais as mulheres quando estão sozinhas também ainda não estão suficientemente à vontade», reiterou
Álvaro Campos, que já pratica nudismo há muitos anos explicou que não se sente vítima de descriminação. «O único momento em que vivi um problema do tipo passou-se numa altura em que ainda era arriscado fazer nudismo, foi em 1974. Estava com uma namorada numa praia do norte a fazer nudismo e fomos apedrejados mas isso já foi há muito tempo», contou ao Portugal Diário.
«Deus deu ao mundo um homem nu e não um homem vestido»
O norte do País é muito diferente do Algarve e o relacionamento com as autarquias também é complicado. «Existem casos absurdos, por exemplo, de um vereador do turismo de uma autarquia nortenha que nem sequer sabia que existia uma Associação Naturista de Portugal. A receptividade das câmaras no norte é muito má. No Algarve vive-se uma realidade diferente», explicou o presidente.
Quanto às críticas a que são sujeitos principalmente por parte de muitos católicos o presidente responde sempre da mesma forma, «se andam sempre a apelar a Deus então devem saber que Deus deu ao mundo um homem nu e não um homem vestido».
«É tão difícil explicar a uma pessoa que nunca se despiu em público o que é um naturista como explicar a um cego de nascença o que é o mundo», foi assim que Álvaro Campos definiu o naturismo.
O CNA tem 80 filiados de todo o Algarve, enquanto em todo o País o total de federados ¿ inscritos na Federação Portuguesa de Naturismo - atinge os 1.400. Já no próximo dia 2 de Agosto o clube do Algarve vai participar em mais uma iniciativa, a campanha do Banco Alimentar contra a Fome do Algarve.
Nudistas limpam areal algarvio (fotos)
- Redação
- Ana Isabel Silva
- 28 jul 2008, 19:40
Vergonha e preocupação excessiva com a imagem impedem jovens de fazer naturismo em Portugal
Continue a ler esta notícia