Ferreira Torres nega ter pressionado testemunhas - TVI

Ferreira Torres nega ter pressionado testemunhas

Julgamento de Avelino Ferreira Torres

Cheques passados por Martinho Penha foram destaque da sessão desta quarta-feira

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Avelino Ferreira Torres esteve, mais uma vez, no Tribunal Judicial de Marco de Canaveses, mas desta feita saiu a meio da sessão com autorização do colectivo de juízes. Com poucas palavras para os jornalistas, o ex-autarca negou apenas ter pressionado quaisquer testemunhas envolvidas no processo, ideia que pairou no ar após afirmações de Martinho Penha.

A primeira testemunha a ser ouvida foi o antigo inspector-chefe da Polícia Judiciária, Valdemar Martins Gomes, que pouco acrescentou aos factos já declarados em tribunal pelo inspector Gomes Almeida. «As grandes linhas de investigação foram delineadas por mim, mas não sei de muitos pormenores», afirmou.

O procurador questionou o inspector sobre a alegada compra de terrenos por parte de José Faria em nome de Avelino Ferreira Torres: «O José Faria não dizia que os terrenos eram para o senhor Ferreira Torres porque desta forma as pessoas podiam não vender. Talvez porque não queriam fazer negócios com ele, se soubessem que era com ele a coisa podia trazer água no bico e a atitude mais cautelosa era não vender».

Depoimento contraditório

A segunda testemunha, Martinho Penha, já tinha sido constituído arguido num processo entretanto arquivado e, por isso, teve de reafirmar a sua intenção de depor. Martinho Penha confirmou que teve uma conversa com Avelino Ferreira Torres para que a Câmara pavimentasse um caminho até uma propriedade sua: «Disse-lhe que dava seis mil contos à Câmara se me pavimentassem o caminho. Depois fiz um requerimento à Câmara e, entretanto, dei dois cheques de seis mil contos cada para o futebol porque me disseram que alguém do futebol podia influenciar a Câmara para que me pavimentassem o caminho».

O depoimento de Martinho Penha levantou muitas dúvidas ao procurador e ao colectivo de juízes que, durante mais de duas horas, tentaram desvendar as palavras contraditórias da testemunha e identificar os «alguém» das suas afirmações. De tal forma que Martinho Penha foi relembrado da sua condição de testemunha e do juramento que prestou em tribunal, pois poderia ser acusado de prestar falsas declarações.

Ainda com Ferreira Torres na sala, Martinho Penha revelou: «Ontem, quando liguei para as minhas bombas de gasolina para saber se estava tudo bem, disseram-me que o senhor Avelino Ferreira Torres estava à minha espera e eu disse então que fique à espera». No entanto, o ex-autarca do Marco de Canaveses negou aos jornalistas que tenha estado nessas bombas esta terça-feira: «Nunca tentei pressionar testemunhas».

Ex-dirigente do F.C. Marco identificado

Entretanto, Martinho Penha lembrava-se de alguns pormenores dos cheques que constam da acusação e chegou mesmo a um nome a quem terá, alegadamente, entregue um dos cheques: Nazário. Ora, a terceira testemunha que ainda esperava fora da sala por ser chamada era precisamente Fernando Nazário, ex-dirigente do F.C. Marco.

O colectivo de juízes mandou chamar mais duas pessoas para que se apresentassem juntamente com Fernando Nazário e Martinho Penha identificou-o rapidamente: «Não tenho dúvidas que foi a ele que entreguei um dos cheques». O ex-dirigente do F.C. Marco, contudo, negou conhecer pessoalmente Martinho Penha e confirmou que «o homem forte do futebol era Avelino Ferreira Torres», que «garantia a parte financeira do futebol, através do bolso dele, ou da Câmara, ou de quem ele pedisse».

Segundo Fernando Nazário, o cheque chegou à sua conta através de Ferreira Torres, que «não confiava nas contas do clube» porque «as verbas podiam ser confiscadas de imediato», e serviu para pagar os salários dos jogadores e de outros serviços do clube.
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