Noite Branca: «Ele tinha medo de voltar a ser preso» - TVI

Noite Branca: «Ele tinha medo de voltar a ser preso»

Hugo Rocha, um dos suspeitos do homicídio do segurança da discoteca «El Sonero»

Andrea Machado contou em tribunal a versão de «Berto Maluco» do homicídio de Nuno Gaiato

Andrea Machado contou que ao chegar a casa na noite do homicídio de Nuno Gaiato, Berto trazia uma arma. «Disse que quando o Hugo caiu, ele pegou na arma e guardou-a», adiantou. «Dizia que o Hugo era muito descuidado e que a arma devia ter impressões digitais, quanto mais não fosse, nas balas», explicou a testemunha. «O Berto disse que a arma tinha as impressões digitais dos dois, porque ele também lhe tinha pegado», adiantou depois, quando questionada pelo advogado de defesa dos arguidos.

«Ele só dizia: "Tenho que esconder isto, tenho que esconder isto". Depois disse que tinha de sair e pediu-me para esperar até ele me dizer alguma coisa», explicou. «Eu disse-lhe para entregar a arma à polícia, mas ele tinha medo que pensassem que tinham ido lá todos para matar o Nuno».

Andrea conta que era uma arma grande, sem tambor, preta, o que vai de encontro à descrição feita por algumas testemunhas que afirmam ter visto Hugo Rocha no El Sonero com uma «arma de guerra, que parecia uma makarov».

A companheira conta que Alberto Ferreira saiu então e passou «toda a noite a andar de carro, desnorteado». Depois, ficou uns dias escondido no apartamento de um amigo. «Ele tinha medo de voltar a ser preso porque estava em liberdade condicional», explicou.

E os receios de Berto cresceram quando lhe contaram que o irmão de Hugo Rocha, a cumprir pena na prisão de Paços de Ferreira, dizia que não iria deixar o irmão [Hugo] assumir as culpas do crime. «Ele começou a pensar que seria palavra contra palavra. Dizia-me: "Só estávamos lá os três"». Então resolveu ir buscar a arma que tinha enterrado há cerca de um mês, com receio que «estivesse a estragar-se». «Trouxe-a ainda no mesmo saco e quando o abriu, viu que estava toda enferrujada. Até lhe saltou uma mola e partiu-se toda. Disse-me que não lhe servia para nada e acabou por deitá-la ao rio Douro».

Então, Berto gravou uma conversa com Hugo Rocha, em que este confessava o crime. «Ouvimos muitas vezes em casa e a fita partiu. O Berto arranjou-a, mas teve medo que não servisse de prova, por isso, uma semana depois, conseguiu gravar outra», contou Andrea. Estas gravações foram entregues à polícia, mas não foram admitidas como prova.

Apenas um mês após a morte de Nuno Gaiato, Alberto Ferreira estava com Aurélio Palha, dono da discoteca Chic, quando este foi assassinado. Meses mais tarde, o próprio Berto viria a morrer, atingido por vários tiros à porta de casa.
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