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Acredita mesmo nisso?

  • Portugal Diário
  • 11 nov 2007, 16:00

Cérebro cria memórias falsas e faz-nos duvidar das verdadeiras

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Tem a certeza de que uma determinada coisa aconteceu¿ mas a verdade é que não aconteceu e não quer dizer que esteja a mentir. Um estudo realizado por investigadores da universidade de Duke, nos EUA, revela que, dependendo da área do cérebro que processa suas lembranças, uma pessoa pode acreditar plenamente num acontecimento que nunca existiu.

A formação de memórias, verdadeiras e falsas, ocorre em duas importantes áreas cerebrais: o lóbulo medial temporal (LMT) e a rede frontoparietal (RFP). O primeiro concentra-se nos «factos» da lembrança, nos detalhes. O segundo foca-se mais no ambiente geral da memória, nas sensações e na familiaridade evocadas por ela.

De acordo com os pesquisadores, as pessoas costumam confiar mais nas memórias mais detalhadas. O que não impede, é claro, de sentirem familiaridade com algo que nunca aconteceu.

Para investigar de onde surgem essas memórias falsas, os cientistas utilizaram um truque com palavras, enquanto observavam o funcionamento do cérebro de um grupo de voluntários. Por exemplo, eles listavam uma série de nomes de animais de quinta, como «vaca» e «cavalo». A lista, no entanto, não incluía a palavra «porco». Mas quando os participantes tinham que lembrar os nomes, quase sempre incluíam o animal na listagem. E, para fazer isso, usavam a área do cérebro ligada à familiaridade da memória, e não aos detalhes.

Para as pessoas, a diferença é imperceptível.«Estamos tão certos das nossas recordações verdadeiras quanto estamos das falsas», afirmou ao site globo.com Hongkeun Kim, da Universidade Daegu, na Coréia do Sul, um dos autores do trabalho. E se é verdade que podemos acreditar nas memórias falsas que criamos, o contrário também pode acontecer. «As nossas memórias perdem-se ao longo do tempo. E, às vezes, o nosso cérebro engana-nos e passamos a duvidar de coisas que realmente aconteceram», explica.

Segundo os pesquisadores, a descoberta pode ajudar no diagnóstico da doença de Alzheimer. Os pacientes com Alzheimer apresentam déficits tanto nas recordações reais quanto no processamento das falsas. Além disso, o estudo pode ter impacto nos tribunais. «Às vezes, as testemunhas estão completamente convencidas de algo que nunca ocorreu», explicam os investigadores.
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