Fundação Champalimaud cria centro de investigação do cancro - TVI

Fundação Champalimaud cria centro de investigação do cancro

  • Portugal Diário
  • 11 jan 2006, 16:40

Anúncio foi feito pela presidente da Fundação, Leonor Beleza, sem, no entanto, avançar datas

A Fundação Champalimaud vai ter um centro científico dedicado à investigação clínica na área do cancro e à investigação básica na área das neurociências, dispondo ainda da valência académica e hospitalar, anunciou hoje a presidente da Fundação.

Falando aos jornalistas após uma reunião do Conselho de Curadores, a presidente da Fundação Champalimaud, Leonor Beleza, anunciou para breve, embora sem especificar datas, a criação de um centro científico pioneiro em Portugal que desenvolverá investigação clínica e básica, estabelecendo uma ligação entre ambas.

Leonor Beleza sublinhou que «o ponto crítico» de criação deste centro «é a investigação clínica, que tem como objectos mais próximos os meios de prevenir e de curar doenças».

Mas com a ligação entre os dois tipos de investigação o principal «foco é a capacidade de traduzir conhecimentos de ciência básicos em tratamento de doentes», afirmou Leonor Beleza, que pretende assim obter «impacto directo na saúde e no bem-estar das pessoas».

A Fundação tenciona também colocar investigadores por si financiados a trabalhar em outras instituições, em Portugal ou no estrangeiro.

Quanto à investigação básica, vai desenvolver-se com uma plataforma generalista e multidisciplinar, sendo que a opção de inicialmente se debruçar sobre as neurociências tem a ver com o facto de actualmente ainda se «desconhecer os mecanismos fundamentais do cérebro e que poderão permitir dar um passo mais significativo para a investigação clínica».

Relativamente à investigação clínica, a responsável sublinhou que «é no campo do cancro que hoje se joga mais e que é possível melhorar a investigação significativamente» e adiantou que «seguramente se preocupará com os cancros com maior incidência em Portugal».

A investigação clínica terá também associada a valência hospitalar, que numa primeira fase será hospital de dia, funcionando em regime de ambulatório e que, a longo prazo, deverá incluir o internamento.

Leonor Beleza frisou ainda que apesar de a investigação clínica ser para já orientada para o cancro e a básica para as neurociências, não se pretende que fique aí estagnada.

A presidente da Fundação lembrou ainda o Prémio Champalimaud de Ciência no valor de um milhão de euros que a organização vai atribuir todos os anos a avanços significativos na área da visão.

O prémio será atribuído alternadamente a descobertas científicas no domínio da visão em sentido amplo e a equipas que no terreno em países do terceiro mundo consigam ir mais longe no combate à cegueira.

A este centro será associada uma dimensão académica, nomeadamente ao nível das pós-graduações, para o que a Fundação contará com a colaboração de algumas universidades, embora para já ainda não esteja totalmente definido esse modelo de colaboração, bem como quais os institutos superiores em causa.

A fundação pretende ainda que este centro promova a realização permanente de encontros científicos de natureza e dimensões variadas.

Leonor Beleza não especificou também a data para o arranque do centro, a sua futura localização geográfica ou as verbas envolvidas.

Contudo, adiantou que o centro viverá dos rendimentos e que conta até ao final do ano ter já investigadores portugueses financiados pela fundação a trabalhar.

A reunião de hoje contou com a presença de nove dos onze curadores que compõem o conselho, já que Cavaco Silva se encontra em acção de campanha e Daniel Proença de Carvalho, presidente daquele órgão, também não pôde comparecer.

Estiveram presentes os curadores: Almeida Santos, ex- presidente da Assembleia da República, António Coutinho, presidente do Instituto Gulbenkian de Ciência, António Damásio, investigador na área das neurociências, António Travassos, oftalmologista, Pedro d'Abreu Loureiro, cardiologista, Carlos Corrêa da Silva e Raposo Magalhães, gestores, Mary Robinson, ex-Presidente da República da Irlanda, e Simone Veil, antiga presidente do Parlamento Europeu.
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