Saramago revela carta em que Cunhal dizia que escritor «nunca abandonaria» PCP - TVI

Saramago revela carta em que Cunhal dizia que escritor «nunca abandonaria» PCP

«José Saramago. A consistência dos sonhos»

Prémio Nobel foi homenageado pelo partido comunista

O escritor comunista José Saramago revelou esta quarta-feira que Álvaro Cunhal, líder histórico do PCP, «tinha razão» ao prever, numa carta que nunca chegou a receber, que «nunca abandonaria o partido», noticia a Lusa.

«Tinha razão e aqui estou», afirmou hoje o escritor, sob uma enorme salva de palmas de militantes comunistas, numa homenagem do seu partido, em Lisboa, no 10º aniversário da atribuição do Prémio Nobel da Literatura.

O escritor, militante comunista desde a década de 60, contou que Cunhal, nos anos 80, quando foi «submetido a uma operação de alto risco», escreveu «algumas cartas» a «várias pessoas» para «o caso de não sobreviver», incluindo a ele, José Saramago.

«Felizmente, para todos e para ele, sobreviveu, viveu e trabalhou», e as «cartas foram destruídas», disse. Mas Saramago revelou ter tido conhecimento do que o líder histórico do PCP lhe escreveu.

«O camarada Álvaro Cunhal dizia que estava convencido que eu nunca abandonaria o partido. Tinha razão. E aqui estou», afirmou o Nobel da Literatura, ouvido em silêncio e que recebeu uma ruidosa salva de palmas de militantes e amigos que encheram uma sala do Centro Vitória do PCP, em Lisboa.

Nesta homenagem a José Saramago, participou o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, inclui a leitura de um excerto do romance «Memorial do Convento». O fadista Carlos do Carmo cantou um fado a partir de um poema do escritor.

O escritor, que há alguns anos chegou a apoiar o PSOE nas eleições em Espanha, apresentou-se, «com orgulho», como um comunista.

E lembrou ter escrito, num dos volumes de «Cadernos de Lanzarote», quando se comentava a hipótese de receber o Nobel, que jamais «abandonaria as suas convicções políticas e ideológicas» para receber o prémio.

«As coisas correram bem: eu não abandonei as minhas convicções e recebi o Prémio Nobel», afirmou.
Continue a ler esta notícia