A exposição a poluentes como os pesticidas está a tornar os fungos mais resistentes a antibióticos e a aumentar a sua capacidade de espalhar doenças. É a conclusão de um estudo liderado pela investigadora portuguesa Cristina Silva Pereira.
"Estamos a falar de poluentes distribuídos na atmosfera independentemente do local de emissão, que são capazes de viajar para zonas remotas", disse a investigadora à agência Lusa a propósito do estudo publicado na revista científica Microbiome.
Os fungos "são capazes de degradar compostos e até usar poluentes como fonte de energia, num processo a que chamamos mineralização", referiu.
Quando sujeita à ação de poluentes como o pentaclorofenol, usado nos pesticidas agrícolas, as comunidades de fungos especializam-se e "mudam a sua forma de funcionar para sobreviver ao 'ataque'".
Dão-se alterações dramáticas do metabolismo e os fungos tornam-se mais resistentes a antifúngicos e antibióticos".
O "desenho químico" do pentaclorofenol é comum a muitos herbicidas e "pode haver muitos outros" compostos químicos que tenham o mesmo efeito.
Esta resistência acrescida junta-se à capacidade maior que têm para sobreviver em temperaturas mais quentes como aquelas que decorrem das alterações climáticas.
O rumo da investigação científica será agora efetivamente "provar que há um aumento da virulência". Com a mobilidade humana, "há agora esporos por todo lado".
A mesma investigadora sublinhou que os fungos provocam "infeções oportunistas" que matam "1,5 milhões a dois milhões de pessoas em todo mundo anualmente".