Os professores do ensino superior alertaram esta segunda-feira para o risco de os alunos que este ano fazem os exames nacionais terem melhores resultados, mas estarem pior preparados para frequentar as universidades e institutos politécnicos.
Este ano, os alunos deixaram de ter aulas presenciais em março e passaram a ter um ensino à distância. As condições que foram criadas com as provas de ingresso podem levar a uma inflação das notas, mas tal não irá significar que estão mais bem preparados”, alertou Gonçalo Leite Velho, presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESUp).
Devido à pandemia de Covid-19, as aulas presenciais foram suspensas em meados de março, tendo os alunos do 11.º e 12.º anos regressado às escolas já durante o terceiro período.
Todos os estudantes do ensino básico e secundário tiveram mais três semanas de aulas e, por isso, os exames nacionais começaram este ano mais tarde. A primeira fase arrancou esta segunda-feira, com a prova de Português, e a 2.º fase só decorrerá em setembro.
Para o professor do Instituto Politécnico de Tomar, “o ensino presencial tem muitas vantagens na preparação dos alunos, porque os conhecimentos ficam mais consolidados”.
No entanto, as notas nas provas poderão subir já que as regras foram ligeiramente alteradas: Este ano, os exames só servem como prova de ingresso e não para conclusão do secundário, ou seja, os alunos só precisam fazer exames às disciplinas exigidas pelos cursos a que concorrem.
Como os exames nacionais deixam de ter peso na nota final do secundário – antes valiam 30% – e como nos exames os alunos tendem a ter notas mais baixas do que a nota atribuída pelo professor ao longo do ano letivo, é espetável que as médias subam.
“ai haver uma inflação das notas, o que poderá ser mais complicado até na seriação dos alunos”, alertou Gonçalo Velho, dando como exemplo cursos como os de Medicina, em que a média de acesso é superior a 18 (numa escala de zero a 20) e a entrada “se joga por décimas”.
Além disso, os exames deste ano têm perguntas opcionais, além das obrigatórias, para que os alunos não sejam obrigados a responder a matérias que não foram dadas nas aulas, devido à pandemia.
No entanto, os alunos podem fazer toda a prova, só sendo contabilizadas apenas as melhores respostas das perguntas opcionais.
“Os alunos vão ter médias mais elevadas mas vão estar menos bem preparados e essa falta de bases do ensino secundário poderá prejudicar o seu percurso no ensino superior”, considerou Gonçalo Leite Velho.
O presidente do SNESup alertou ainda para o perigo destes alunos chegarem ao ensino superior e não poderem ter aulas presenciais, devido à pandemia de Covid-19.
Cerca de 42 mil alunos do 12.º ano realizaram hoje de manhã a prova de Português, dando início à primeira fase de exames nacionais, que envolvem mais de 150 mil estudantes durante as duas próximas semanas.
Comparativamente com o ano anterior, há menos 8.310 estudantes inscritos e vão realizar-se quase menos 90 mil provas, segundo dados do Júri Nacional de Exames.
De acordo com o relatório da Direção-Geral da Saúde divulgado hoje, até ao momento há registo de 44.129 pessoas infetadas com Covid-19, o que representa um aumento de 232 casos em relação a domingo.