Tabaco: bares e restaurantes com menos clientes - TVI

Tabaco: bares e restaurantes com menos clientes

  • Portugal Diário
  • 31 jan 2008, 11:19
Fumador

Prejuízos chegam aos 70 por cento no primeiro mês da nova lei

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A restrição de fumar está a afastar clientes das discotecas, bares, restaurantes e cafés, provocando prejuízos que chegam a atingir os 70 por cento em alguns estabelecimentos. Perante as quebras, já há empresários a ponderar despedir funcionários, noticia a Lusa.

Um mês após a entrada em vigor da lei do tabaco, os espaços de diversão nocturna são os mais afectados. O presidente da Associação Nacional de Discotecas (ADN) assegura que «o número de clientes registou este mês uma quebra na ordem dos 30 por cento», comparativamente a Janeiro do ano passado.

«Não só há uma redução de clientes, como há uma redução do consumo por parte de quem vai às discotecas», afirmou Francisco Tadeu, em declarações à agência Lusa, ressalvando, contudo, não estarem ainda contabilizados os prejuízos decorrentes deste decréscimo.

Tabaco: «Alarme social» e «anarquia»

Já na região Norte, a Associação de Bares da Zona Histórica do Porto (ABZHP) realizou um inquérito junto de 250 estabelecimentos para calcular a quebra de receitas. As conclusões são «assustadoras», segundo o presidente daquele organismo, António Fonseca.

«Nos bares da moda, as quebras de receitas rondam os 30 a 40 por cento e nos outros estabelecimentos, que são a grande maioria, atingem os 70 por cento», assegurou o responsável, baseando-se no inquérito concluído esta semana.

De acordo com a ABZHP, a situação é tão grave que muitos empresários começam a equacionar a possibilidade de despedir funcionários ou de celebrar contratos precários de prestação de serviços.

«Muito preocupados» estão também os donos de restaurantes e cafés, segundo Ana Jacinto, secretária-geral adjunta da Associação de Restauração e Similares de Portugal (ARESP).

«Há muitos clientes que dizem que não vão voltar, depois de se aperceberem que o restaurante é não fumador», exemplificou a responsável, adiantando que «os espaços da noite e os restaurantes de topo são os mais afectados porque têm uma clientela maioritariamente fumadora».

Já os proprietários de discotecas não têm dúvidas em afirmar que, se houvesse liberdade de escolha, a grande maioria optaria por ser de fumadores. De acordo com o inquérito realizado pela Associação de Bares da Zona Histórica do Porto, 80 por cento dos estabelecimentos optariam pelo dístico azul, caso tivessem essa possibilidade.

Nesse sentido, a Associação Nacional de Discotecas reclama uma alteração legislativa no sentido de dar aos proprietários a liberdade de decidir, tendo lançado uma petição que já recolheu mais de cinco mil assinaturas.

Apesar das críticas, nenhum estabelecimento foi alvo de uma coima, uma vez que «as discotecas estão a cumprir integralmente a legislação a nível da extracção de fumos e da quota para fumadores», adiantou Francisco Tadeu.

«Não há nenhuma questão polémica»

Indiferente à contestação, o director-geral de Saúde garante que «não há nenhuma questão polémica» em torno da nova Lei.

«O balanço que faço do primeiro mês de aplicação da lei do tabaco é altamente positivo. Há motivos para aplaudirmos os portugueses, que estão a cumprir a lei nos locais de trabalho, nos restaurantes, cafés e bares, ou seja em todos os recintos fechados de utilização colectiva», afirmou à Lusa Francisco George.

De acordo com dados da GNR, entre os dias 7 e 27 de Janeiro foram levantados apenas 43 autos por violação da Lei do Tabaco, tendo sido ainda detidas três pessoas por desobediência.

A agência Lusa contactou igualmente a PSP e a ASAE, mas nenhuma das entidades dispunha de dados relativos a esta matéria.
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