Faltam camas para os cuidados paliativos - TVI

Faltam camas para os cuidados paliativos

Saúde (Foto Cláudia Lima da Costa)

Há doentes internados noutros serviços de saúde, por falta de camas específicas, alerta a Direção-geral de Saúde

A Direção-geral da Saúde alertou, esta terça-feira, para a existência de doentes com necessidades de paliativos internados noutros serviços de saúde por falta de camas específicas, revelando que, em 2011, havia 190 camas para quase 3.000 mil doentes referenciados.

O alerta foi deixado pelo diretor do departamento da Qualidade na Saúde da Direção-geral da Saúde (DGS), Alexandre Diniz, durante a discussão na especialidade de um projeto de lei do CDS-PP sobre a criação de uma rede de cuidados paliativos.

O responsável afirmou ter conhecimento da existência de camas de internamento para outros fins que não os paliativos, mas que estão ocupadas para estes cuidados.

Alexandre Diniz baseou as suas afirmações no «conhecimento empírico» que tem desta realidade e em estudos internacionais que demonstram que 10% das camas de internamento são ocupadas por doentes com necessidades específicas de paliativos.

«Estes doentes estarão a receber cuidados desadequados, por profissionais não formados e muitas vezes não sensibilizados para esta área, porque além da formação é preciso ter perfil e sensibilidade para acompanhar estes doentes», afirmou.

O responsável afirmou que a resposta existente no país é muito pequena e citou dados relativos a 2011 sobre a rede nacional de cuidados continuados integrados (que atualmente engloba os cuidados paliativos).

«No final do ano havia um total de 190 camas, 2.897 doentes referenciados com necessidades de cuidados paliativos e 1.693 com critérios para ser admitidos», revelou.

Alexandre Diniz aplaudiu a intenção deste projeto de lei de autonomizar a rede de cuidados paliativos, admitindo que a experiência de integrar as duas necessidades (cuidados continuados e paliativos) na mesma rede mostrou não ser eficaz.

«Tem que haver uma rede [de cuidados paliativos] que faça a gestão dos grupos e o planeamento estratégico, e não deve ser burocrática nem organicamente pesada», defendeu.

O médico Pereira Miguel, ouvido na comissão antes do responsável da DGS, afirmou que as recomendações internacionais apontam para a necessidade de uma cama para cada 10 mil habitantes, embora se considere aceitável uma cama por cada 20 mil habitantes.
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