Há cada vez mais mulheres no jornalismo, mas homens continuam a mandar - TVI

Há cada vez mais mulheres no jornalismo, mas homens continuam a mandar

Jornais [arquivo] - Foto Lusa

Estudo mostra que «80 por cento dos lugares de chefia estão reservados para jornalistas de sexo masculino»

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O jornalismo é uma profissão «cada vez mais feminina», com as mulheres em maioria nas faixas etárias mais jovens e os lugares de chefia ocupados maioritariamente por homens, devido a privilégios de género e critérios de idade.

As conclusões são da investigação que traça pela primeira vez o perfil sociológico dos jornalistas portugueses, realizado por investigadores e jornalistas de referência e liderado Professor do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), José Rebelo.

«Os homens são muito mais numerosos dos 35 anos para cima e as mulheres são mais numerosas dos 20 aos 35, o que revela uma tendência para a feminização da profissão cada vez mais pronunciada», explicou à Agência Lusa o José Rebelo.

Segundo o Professor do ISCTE, as conclusões «são variadas» uma vez que a investigação «durou mais de três anos» mas entre outros dados, recolhidos através de entrevistas e baseados no número de jornalistas portadores de carteira profissional, é possível verificar que «80 por cento dos lugares de chefia estão reservados para jornalistas de sexo masculino».

«Isto tem duas explicações. A primeira tem a ver com um privilégio de género que poderá favorecer o sexo masculino e a segunda tem a ver com o recrutamento, já que são recrutados para os lugares de chefia sobretudo jornalistas mais velhos, onde o género masculino é predominante», afirma José Rebelo.

«Conflito virtual» entre gerações dentro das redacções»

Para Professor e antigo jornalista, as estratégias de concentração que reduzem o número de órgãos de comunicação social, juntamente com o número elevado de jovens que tentam entrar no mercado de trabalho provocam um «conflito virtual» entre gerações dentro das redacções.

«É fácil reivindicar quando se tem um lugar estável dentro do local de trabalho mas, quando se procura criar esse lugar, a reivindicação já é mais difícil de fazer e isso provoca por vezes relações de tensão entre as gerações anteriores que têm o seu lugar nas redacções e as mais jovens que sobrevivem numa posição de instabilidade total», disse à Lusa.

«Há décadas atrás havia um modelo de empresa familiar. Agora entre o detentor do poder e o jornalista há uma sequência interminável de capatazes, uma escala indefinível, que leva o jornalista a não saber onde reivindicar e o quê, o que leva a repensar toda a prática sindical», acrescentou José Rebelo.

Para o Professor do ISCTE, muito mudou no jornalismo nas últimas décadas, que destacou as elevadas habilitações dos jornalistas actuais e a criação de uma nova forma de fazer jornalismo, afirmando que o «jornalista literário deu lugar a um tipo de jornalista profissional».
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