Avelino Ferreira Torres rejeitou esta quinta-feira em tribunal a tese do Ministério Público (MP) de que se serviu da qualidade de autarca de Marco de Canaveses para valorizar propriedades que adquiriu enquanto empresário, noticia a agência Lusa.
O ex-presidente da Câmara de Marco de Canaveses está a ser julgado no tribunal daquela localidade por seis alegados crimes cometidos no exercício das suas funções autárquicas, em Marco de Canaveses, durante mais de 20 anos.
É acusado de um crime de extorsão, um de corrupção, três de abuso de poder e um de peculato de uso.
Uma sessão de julgamento em Agosto
Na única sessão do mês de Agosto deste processo - em julgamento já desde 20 de Fevereiro - Avelino Ferreira Torres confirmou que deu seguimento a pretensões da Junta de Avessadas para construção de um novo acesso ao Santuário do Castelinho.
«Sinto-me muito feliz pela obra, mas não pela carga que lhe querem dar, segundo a qual seria para beneficiar terceiros», disse o ex-autarca perante um colectivo dirigido pela magistrada Teresa Silva.
Segundo Ferreira Torres, a construção do caminho foi determinada para garantir acesso de autocarro a um santuário que «tem um significado especial» para o concelho e para melhorar a acessibilidade a habitações dispersas da zona.
Confirmou depois que a sua empresa Horizontes do Tâmega veio a adquirir terrenos à margem da nova via - que liga a Estrada Nacional 210 ao santuário - mas fê-lo, segundo garantiu, «já a obra estava concluída há muito tempo».
A única testemunha a depor nesta sessão foi o presidente da Junta de Avessadas, Adão Veríssimo, que disse sempre ter pressionado a Câmara Municipal para executar a obra, tendo em conta a impossibilidade prática de alargar um caminho estreito que já existia.
Essa impossibilidade decorria, segundo afirmou, da recusa de um dos donos de propriedades confinantes em ceder a área de terreno necessária.
Ferreira Torres avança para Marco de Canaveses
Adão Veríssimo, que é presidente da Junta eleito pelo CDS-PP e que disse ter com Ferreira Torres uma relação meramente institucional, garantiu ao tribunal que foi ele próprio que tomou a iniciativa de pressionar a Câmara, por escrito, para o rápido arranque da obra.
«A iniciativa de pedir o caminho novo partiu da Junta de Freguesia», afirmou.
A acusação do MP diz que Avelino Ferreira Torres pediu ao presidente da Junta que lhe enviasse um ofício a solicitar a abertura do caminho.
No entanto, e ainda de acordo com a acusação, tudo já estava preparado para a obra avançar e a zona até já estava servida por outras estradas.
Durante esta audiência, o colectivo de juízes indeferiu um pedido de Nuno Brandão, advogado de Ferreira Torres para audição do cidadão Pedro Jorge Mendes de Sousa, que alegadamente poderia esclarecer elevados gastos da testemunha-chave, José Faria.
O MP entendeu que «nos presentes autos, não está em causa a vida familiar, pessoal ou económica da testemunha José Faria» e o colectivo de juízes concordou: «Da leitura ponderada dos factos que constam da pronúncia, não consta qualquer incriminação da testemunha José Faria».
O julgamento prossegue na manhã de 10 de Setembro.
Ferreira Torres: julgamento não pára em Agosto
- Redação
- PO
- 21 ago 2008, 14:39
Arguido nega ter construído caminhos para benefício próprio
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