Sargentos acusam ministro de não ter a «decência» de ouvir - TVI

Sargentos acusam ministro de não ter a «decência» de ouvir

Lima Coelho

«Estão-se a esquecer que vivemos numa democracia», dizem os militares

O presidente da Associação Nacional de Sargentos lamentou que o ministro da Defesa não tenha a «decência» e a «verticalidade» de ouvir as estruturas representativas dos militares na reforma das Forças Armadas, manifestando «grande preocupação» com as «notícias» de redução de militares.

«Estamos nestes últimos dias, todos os dias, a ser confrontados com notícias que podem pôr em causa uma instituição que é um garante da soberania, que é o pilar da própria soberania e independência e da própria Constituição», disse Lima Coelho acrescentando que estas notícias se juntam a outras questões socioprofissionais, havendo «grande preocupação» entre os militares.

Lima Coelho considerou que a «comissão liquidatária» das Forças Armadas «parece que está em plena força, que tudo renova, que tudo reestrutura e tudo termina».

«Não é que nos oponhamos a essa reestruturação e renovação. Não, pelo contrário, em muitos aspetos até temos propostas concretas nesse sentido. Agora, deve integrar aqueles a quem as medidas se aplicam e aquilo a que assistimos é que o senhor ministro [da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco], num total desrespeito pela lei em vigor, não ouve quem deve ouvir, não integra quem deve integrar e age, como diz o senhor primeiro-ministro, no custe o que custar», acrescentou.

Para Lima Coelho, as Forças Armadas «não podem estar debaixo deste custe o que custar» e serem alvo de uma reforma que se rege por «princípios meramente economicistas», que se traduz numa «falta de respeito por uma vida inteira de serviço daqueles que já serviram», face aos «cortes na reserva e na reforma», e «por aqueles que estão no serviço ativo e se veem constantemente confrontados com alterações à legislação».

Lima Coelho recusou, porém, fazer outros comentários mais concretos em relação ao documento neste sábado divulgado pela Lusa, que pondera cortes no número de efetivos e uma nova utilização de militares na reserva.

«Gostaria de discutir esse assunto e fazer mais reflexões sobre ele se o conhecesse, se o senhor ministro tivesse tido a decência e a verticalidade de nos envolver, como a lei determina, também para discutir essas matérias. Neste momento, é um documento que desconheço», afirmou.

«O que eu conheço é que há uma enorme falta de respeito por parte daqueles a quem os portugueses deram o direito de gerir o país. Estão-se a esquecer que vivemos numa democracia», acrescentou.
Continue a ler esta notícia