Testamento vital: deputados querem ouvir especialistas

As quatro propostas discutidas esta sexta-feira no parlamento sobre testamento vital, vão ser discutidas na comissão parlamentar de Saúde, tendo os deputados decidido não votar os projectos. Segundo a agência Lusa, a decisão foi unânime: todos os deputados sublinharam a importância dos projectos do PS, PSD, CDS e BE contarem com o contributo de especialistas, já que em causa está a alteração da actual legislação que atribui aos familiares as decisões sobre os tratamentos de doentes que perdem a consciência.

Maria de Belém foi a primeira a anunciar a decisão: «O PS requereu a descida destes projectos às comissões», disse a deputada do PS, lembrando a importância de estes documentos «beneficiarem» com a opinião e visão de especialistas que serão chamados às comissões.

Fernando Negrão, do PSD, também defendeu a importância de levar à especialidade a proposta para que no final saia um «diploma escorreito», que «seja o mais possível compreensível».



«O trabalho não termina hoje. Obviamente que em sede de comissão teremos muito a aprimorar», lembrou por seu turno a deputada do CDS Isabel Galriça Neto, cujo partido assumiu «o compromisso de debater e trabalhar para que o testamento vital seja uma realidade no país».

«Apesar de não terem apresentado uma proposta», os deputados do PCP garantiram querer contribuir para os projectos, disse Bernardino Soares, que lembrou a importância de estas decisões serem tomadas com o aconselhamento de especialistas: «Por muito completa, correcta e plena que seja a informação para o doente, ele não terá a mesma capacidade de análise que tem um profissional de saúde».

Durante a discussão das quatro propostas, Fernando Negrão decidiu apresentar números para mostrar a importância do tema: «Estima-se que cerca de 30 por cento dos idosos que estão internados em lares sofrem de demência» e a esperança média de vida de um europeu quase duplicou assim como o número de idosos.

«A demência transformou-se numa realidade», disse o deputado social-democrata, lembrando números «oficiosos» que falam em «cerca de 150 mil pessoas com demência em Portugal, 90 mil das quais com Alzeihmer».

Esta manhã, os deputados foram unânimes na importância de chegar a acordo na criação de um diploma que traga uma solução para os limites da intervenção médica.