Exames: a dúvida entre as provas fáceis e as complicadas - TVI

Exames: a dúvida entre as provas fáceis e as complicadas

Alunos da Escola Secundária da Amadora antes do exame (Foto: Maria João Fernandes)

Associação de Matemática fala em testes pouco fiáveis e professores de português lamentam dificuldade do exame

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A melhoria das classificações em Matemática registada nos exames nacionais do ensino básico e secundário foi desvalorizada pelo presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), por considerar que as avaliações não são fidedignas, informa a agência Lusa.

«Infelizmente, estes resultados não permitem tirar conclusões sobre a possibilidade de melhoria do ensino», disse Nuno Crato, acrescentando: «Não é crível que melhorias tão rápidas possam ser possíveis».

97% das escolas com média positiva

Na sua perspectiva, os critérios de elaboração dos exames, o seu grau de dificuldade, o tipo de questões e o tempo para a sua execução têm mudado tanto e de tal forma que «não se consegue distinguir neste momento as possíveis e desejáveis melhorias reais daquilo que são melhorias estatísticas por haver exames mais fáceis».

Para Rui Trindade, especialista em Ciências da Educação da Faculdade de Psicologia da Universidade do Porto, não é possível saber se os bons resultados se devem a facilitismo dos exames ou a uma melhor organização das escolas: «Não temos dados para afirmar que dependem de uma coisa outra. Acho que houve um esforço do Ministério da Educação na Matemática, como por exemplo com mais tempos lectivos para recuperar alunos com negativa à disciplina, mas não acredito que haja propriamente um milagre».

«O Ministério não tem sabido ou não tem querido fazer exames fiáveis, com critérios comparáveis de ano a ano e enquanto não tivermos esse tipo de instrumentos estamos a navegar no meio de incertezas», concluiu o presidente da SPM.

O mesmo a português

A Associação de Professores de Português também desvalorizou os resultados obtidos pela disciplina nos exames nacionais do ensino básico e secundário, piores do que no ano passado, por considerar que foram influenciados por uma prova mais difícil.

«De facto considero que não há correspondência entre a realidade e estes resultados, porque estes são influenciados pela dificuldade ou facilitismo dos exames», disse à Lusa a vice-presidente da APP, Edviges Antunes Ferreira.

A responsável considerou «normal que os resultados de Português sejam inferiores» aos do ano passado, porque este ano a prova da primeira chamada de Português foi «dificílima». «Isto não implica necessariamente que os alunos este ano sejam piores do que no ano passado», considerou, salientando que «as duas provas do ano passado tiveram um equilíbrio e foram fáceis, coisa que não aconteceu este ano, em que uma primeira prova dificílima baixou a média geral».
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