Cerca de 90 por cento das pessoas que se prostituem na rua já foram vítimas de alguma forma de agressão. Os transexuais e os prostitutos são os mais violentados, disse à agência Lusa a investigadora Alexandra Oliveira.
Em Portugal, tal como noutros países, a vitimação sobre os trabalhadores do sexo atinge níveis bastante elevados, mas os mais afectados são os que prostituem na rua, com 80 a 90% a afirmarem já terem sido agredidos.
A violência verbal é mais referida, seguindo-se as agressões físicas, roubos e raptos, disse a investigadora da Faculdade de Psicologia e Ciência da Educação da Universidade do Porto, a propósito do Dia Internacional contra a Violência sobre Trabalhadores do Sexo, que será assinalado sábado.
«Os transexuais e os homens que se prostituem na rua são ainda mais vítimas de violência e agressões do que as mulheres», adiantou.
A investigadora explicou que os trabalhadores do sexo são «estigmatizados e rejeitados» e, no caso dos transexuais e prostitutos, há factores que potenciam as agressões.
No caso dos transexuais, ao estigma de serem prostitutos, junta-se o de ser um homem visto com um corpo de mulher, enquanto aos prostitutos alia-se o estigma da homossexualidade.
Em outros contextos, como apartamentos, casas de massagens ou bares, é também frequente ouvir relatos de histórias de agressão praticadas por clientes ou por homens que se fazem passar por clientes mas em menor número.
Nestes casos, a violência assume outras formas, nomeadamente as pessoas serem forçadas à prática sexual.
Muitas das vítimas optam por não apresentar queixa por considerarem que não resultam em punição para o agressor.
O facto de serem «pessoas sem direitos, sem voz, sem poder reivindicativo, dota os agressores de uma sensação de impunidade que faz com que as agridam».
Alexandra Oliveira defende que a prostituição devia ser legal: «Devia ser feita uma legislação em prol destas pessoas, que as reconhecesse e protegesse».
Assinalado há oito anos, o Dia Internacional Contra a Violência sobre os Trabalhadores do Sexo comemora-se a 17 de Dezembro, dia em que Gary Leon Ridgway foi considerado culpado do homicídio de 48 mulheres nos Estados Unidos, a maioria trabalhadoras do sexo.
Condenado a prisão perpétua, Ridgway declarou que escolheu deliberadamente as trabalhadoras do sexo como vítimas porque, «provavelmente, ninguém iria fazer queixa à polícia».
«Escolhi prostitutas porque pensava que podia matar quantas quisesse sem ser apanhado», argumentou.
Trabalhadores do sexo: 90% já foram agredidos
- tvi24
- CP
- 16 dez 2011, 12:59
Transexuais e prostitutos são os mais afectados. Investigadora defende legalização da prostituição
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