Dezenas de consultas e exames cancelados em Bragança - TVI

Dezenas de consultas e exames cancelados em Bragança

Saúde (Foto Cláudia Lima da Costa)

Presidentes de câmara denunciaram dispensa, no início do ano, de técnicos nos centros de saúde

Os presidentes de câmara do Distrito de Bragança denunciaram esta terça-feira o cancelamento de dezenas de consultas e exames a doentes da região devido à dispensa, no início do ano, de técnicos nos centros de saúde.

No centro de saúde de Alfândega da Fé foram canceladas 30 consultas de podologia e 40 exames de cardio-pneumologia estão em lista de espera, enquanto que em Freixo de Espada à Cinta oito crianças ficaram sem terapeuta da fala, segundo os autarcas locais, Berta Nunes e José Santos, eleitos pelo PS.

A situação repete-se por outros centros de saúde da região e já motivou três reuniões dos presidentes de Câmara que denunciaram hoje em conferência de imprensa o que classificam de uma «situação dramática» para a população e que «necessita de uma solução urgente».

O autarca de Mogadouro, o social-democrata Moraes Machado, fala mesmo em «desumanidade».

«Temos um Governo frio e despido de tudo o que é humanidade», afirmou, reiterando que «é um problema de frieza encarar estes problemas da saúde como se fossem apenas cifrões».

O Distrito de Bragança é dos mais envelhecidos do país com a população dispersa por um vasto território e onde, dos 12 concelhos, apenas três, os maiores (Bragança, Mirandela e Macedo de Cavaleiros) têm hospitais com cuidados diferenciados.

Numa altura em que o Ministério da Saúde anuncia a intenção de reforçar os cuidados primários, os centros de saúde desta região perderam, com a não renovação de contratos de prestação de serviços a cerca de 20 técnicos, valências que nos últimos anos evitaram deslocações às populações e fizeram das unidades transmontanas referências nacionais.

Para o presidente da Câmara de Vinhais «destruiu-se em dias uma luta de anos».

Os profissionais dispensados são podologistas, fisioterapeutas, nutricionistas, técnicos de acção social, dentistas, entre outros técnicos que evitavam aos doentes deslocações para a realização de exames como electrocardiogramas ou uma consulta do pé diabético.

O centro de saúde ficou também sem um médico, deixando os cerca de três mil habitantes do concelho com apenas dois médicos de família e a assegurar a consulta aberta e o funcionamento de extensões de saúde, segundo o autarca local, o socialista José Santos.

Os autarcas admitem tomar «outro tipo de medidas», mas continuam à espera de resposta ao pedido de audiência ao Ministério da Saúde.

Com o impasse na nomeação da Unidade Local de Saúde do Nordeste, criada há quase um ano e ainda sem administração, a Administração Regional de Saúde do Norte a 200 quilómetros, no Porto, e sem resposta do Ministério da Saúde, os autarcas queixam-se de não conseguirem um interlocutor com quem falar.

«Nem por parte da tutela, nem por parte dos nossos representantes políticos da região que ou não ouvem ou não querem fazer-se ouvir», afirmou o presidente da Câmara de Vinhais, o socialista Américo Pereira.
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