Mulheres mais afectadas por problemas na voz - TVI

Mulheres mais afectadas por problemas na voz

  • Portugal Diário
  • AAS
  • 9 abr 2008, 16:57
Hospital Santa Maria

Hospital de Santa Maria celebra Dia Mundial da Voz com rastreios abertos

Relacionados
No Hospital de Santa Maria, em Lisboa, as mulheres são quem mais recorre à terapia da fala por mau uso da voz e compõem também a totalidade de casos de distúrbios da voz devido a factores psicológicos, informa a agência Lusa.

«Os nódulos nas cordas vocais aparecem mais nas mulheres, quase não se verificam nos homens», disse a terapeuta Cristina Villa Simões, do Departamento de Otorrinolaringologia, Voz e Perturbações da Comunicação do Hospital de Santa Maria (OVCHSM).

Segundo a terapeuta, esta realidade depende de vários factores, entre os quais os hormonais, mas um nódulo deve-se normalmente ao mau uso e ao abuso das cordas vocais. «As mulheres falam mais, exercem um esforço vocal mais continuado e abusam muito mais das cordas vocais do que os homens», disse. No entanto, e embora esta diferença hoje se esteja a esbater, os rapazes são mais atingidos do que as raparigas porque fazem mais esforços vocais nas suas brincadeiras, por exemplo.

Desde segunda-feira e até 16 de Abril, o Dia Mundial da Voz, o OVCHSM está a realizar, rastreios de problemas com a voz abertos à população em geral.

Entre os utentes que recorrem ao serviço de terapia da fala do Santa Maria estão muitos cidadãos comuns, mas sobretudo os profissionais que usam muito a voz, que aparecem com problemas como «nódulos provocados pelo esforço». As classes profissionais mais atingidas são as de actores, cantores, professores, profissionais de rádio, recepcionistas, telefonistas e operadores de telemarketing e call centers.

A terapeuta explica que para evitar problemas é preciso que cada um aprenda a ouvir a sua própria voz e perceba quando ela tem uma alteração. Também «é preciso comer bem para evitar o refluxo gastro-esofágico (ou azia), que atrapalha muito as cordas vocais porque é agressivo para a mucosa, beber muita água, descansar o corpo e dar descanso às cordas vocais, não estar continuamente a falar alto», aconselha Cristina Villa Simões.

Aos sintomas inflamatórios e infecciosos físicos, associam-se muitas vezes problemas da mente e a voz torna-se um sintoma de toda a perturbação psicológica subjacente. A maioria dos doentes atendidos até hoje por Mafalda Andrea, a psicóloga da equipa interdisciplinar do OVCHSM, é do sexo feminino e tem entre os 30 e os 50 anos. «Actualmente só tenho pacientes mulheres. São mulheres activas, com grande peso de responsabilidade em casa e apoio aos filhos, sem grande oportunidade de expressar os seus sentimentos e que, de repente, têm falta do instrumento que lhes ia permitir expressarem-se, o que ainda dificulta mais o processo de comunicar», disse a psicologia, salientando que «os homens são mais orgânicos, temperamentalmente tendem mais a agir através de comportamentos».
Continue a ler esta notícia

Relacionados