Covid-19: "A situação crítica não foi atingida agora. Vai ocorrer daqui a 15 dias" - TVI

Covid-19: "A situação crítica não foi atingida agora. Vai ocorrer daqui a 15 dias"

Tiago Correia, professor de Saúde Internacional na Universidade Nova de Lisboa, diz que ainda não estamos a viver a fase mais difícil da pandemia, como afirmou o primeiro-ministro

Depois de cinco dias consecutivos com mais de 10 mil contágios diários, Portugal registou esta, segunda-feira, 6.702 novos casos de covid-19. No entanto, o país voltou a bater o recorde de óbitos com mais 167 mortes, em 24 horas.

Para responder ao incumprimento do confinamento geral, por parte de uma minoria da população, verificado no fim de semana, o Primeiro-ministro reajustou as restrições em vigor.

Tiago Correia, professor de Saúde Internacional na Universidade Nova de Lisboa, considera que a decisão alterar as medidas é o reflexo de uma falta de sintonia entre os cidadãos e o Estado.

O país está a falhar. A comunicação desta segunda-feira reflete que estamos desligados. Os atores políticos e a população estão desligados, são dois elos desligados”, explica.

Ao contrário do que foi dito por António Costa, o comentador da TVI acredita que Portugal ainda não está a enfrentar a fase mais crítica deste terceiro pico dos números pandémicos.

Tiago Correia lembra que os óbitos e internamentos que têm sido registados ao longo da semana estão ligados aos casos de infeção detetados no início do mês e alerta que daqui a 15 dias o cenário pandémico ganhará uma dimensão ainda mais preocupante.

A situação crítica não foi atingida agora. Não estamos a viver a fase mais difícil como disse o Primeiro-ministro, essa vai ocorrer daqui a 15 dias. Estamos a assistir aos internamentos dos casos que ocorreram no início de janeiro. Temos de estar preparados para os números que vamos assistir”, alerta.

Tiago Correia acredita que o comportamento nacional não é caso isolado no mundo nem na Europa. O especialista aponta o caso do Reino Unido, onde sempre que é anunciado um novo período de confinamento, a população sai à rua.

Não há aqui um caso particular do nosso comportamento enquanto lusitanos. Não subscrevo essa leitura. Basta olharmos para o Inglaterra e percebemos que sempre que é anunciado um confinamento existem festas na noite anterior. As pessoas estão saturadas. A mensagem política falhou na Europa no verão. O discurso foi: já passou, não vai acontecer mais nada e não voltamos a confinar. Isto fez com que a população que primeiro teve medo depois tivesse desacreditado o vírus”, lembra.

Tiago Correia alerta ainda para acomodar da população portuguesa ao vírus. O comentador da TVI acredita que, cerca de dez meses após o primeiro caso de covid-19 ter sido detetado no país, Portugal se adaptou e “normalizou” os óbitos da pandemia, como acontece com as vítimas mortas da pneumonia ou da gripe.

Tal como morrem pessoas com pneumonia ou com gripe, agora naturalizámos que há um conjunto de óbitos normais por covid-19. Isto já entrou na nossa rotina”, refere.

 

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