Trabalhar e ter filhos em Portugal: onde está a motivação? - TVI

Trabalhar e ter filhos em Portugal: onde está a motivação?

Empresas sabem que devem ter uma melhor política de incentivo à natalidade, mas não são muitas aquelas que já passam da teoria à prática. Grau de motivação dos trabalhadores não está muito longe do patamar negativo

Primeiro, as estatísticas. Portugal teve, em 2013, a mais baixa taxa de natalidade na Europa (7,9 crianças nascidas por mil habitantes). A falta de incentivos à natalidade, quer por parte do Estado, quer das próprias empresas, empurra a decisão de ter filhos para mais tarde. O facto de a motivação dos trabalhadores portugueses ser de 12 valores, numa escala de 0 a 20 pode ter nesses números uma das explicações.

É pelo menos isso que reflete o barómetro Kaizen, um estudo feito junto de 58 empresas, nacionais e multinacionais, como a Bial, Autosueco, Fnac, Portugal Telecom, Brisa, CGD, Cimpor ou Xerox. A maioria dos empresários, em Portugal, sabe que deve aplicar uma política de incentivo à natalidade, com flexibilidade de horários e redução das horas de trabalho.

Embora haja, atualmente, maior sensibilidade para esta questão, os estudos demonstram que a mulher retarda a decisão de ter filhos por falta de apoio e até conseguir estabilidade profissional.

«93% dos nossos inquiridos respondem que devem ter um papel ativo nessa mesma natalidade pelas suas responsabilidades sócio-económicas», indicou o diretor da Kaizen Institute Iberia, António Costa. «É o que devem fazer e estão a tentar fazer». As maiores empresas estão a começar, pelo menos, a ter maior cuidado.

Aquilo que já põem em prática para que os funcionários sejam mais felizes e produtivos no trabalho é, sobretudo, a formação contínua, o envolvimento dos trabalhadores em atividades de melhoria e algumas regalias, como seguros de saúde ou protocolos com ginásios (entre 70% a 80% nestes três casos). Os prémios monetários são aplicados só por menos de metade (48%) das empresas que responderam e as ações de team building ficam-se por 29%.

O mesmo estudo reporta que a motivação dos trabalhadores não está longe do patamar negativo. De 0 a 20, situa-se nos 12 valores e até subiu três décimas desde o início do ano.

Para além da redução do horário de trabalho, recomenda-se às empresas outras medidas para motivar os funcionários, como a promoção do trabalho a partir de casa ou creches e jardins de infância junto das empresas.

O barómetro Kaizen é um inquérito promovido pela Kaizen Institute, junto de um conjunto de empresas. O objetivo é analisar as motivações, preocupações e grau de confiança do tecido empresarial português. 
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