Os matadouros transmontanos foram notificados para a partir do dia 12 de outubro deixarem de receber animais “por impossibilidade” de a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) “manter o serviço de inspeção veterinária”.
No documento com a classificação de “muito urgente”, a que a Lusa teve acesso esta quinta-feira e que está datado de terça-feira, a Direção de Serviços de Alimentação e Veterinária da Região Norte (DSAVRN) notifica os matadouros de que, “atendendo às insuperáveis dificuldades com recursos humanos, não deverão admitir animais a partir de 12 de outubro, inclusive”.
A comunicação sublinha as dificuldades “especialmente de inspetores sanitários” atribuídas a “baixas por motivos de saúde de alguns técnicos” que impossibilitam manter “ao serviço, a partir do próximo dia 12 de outubro, seis inspetores” que realizam as inspeções sanitárias na região de Trás-os-Montes.
Os matadouros do Cachão de Vinhais, no distrito de Bragança, confirmaram à Lusa que receberam esta notificação. Fonte ligada ao processo garantiu que todos os matadouros da região, nomeadamente também Montalegre e Bragança, foram notificados.
A falta de inspetores e inspeções sanitárias impede o abate de animais e o funcionamento destes equipamentos, com consequências para os produtores e o negócio da pecuária com peso económico na região.
O organismo governamental responsável pelas inspeções indicam na comunicação que os matadouros “não deverão admitir animais a partir desta data (12 de outubro), sem que por parte dos serviços obtenham a confirmação de que poderá ser garantida a inspeção sanitária”.
A falta de inspetores sanitários gerou polémica em março de 2015, no Nordeste Transmontano, quando a DGAV propôs aos matadouros de Bragança e Vinhais que articulassem os dias dos abates para racionalização dos recursos.
A proposta foi justificada pelo então diretor-geral Álvaro Mendonça com a falta de profissionais a nível nacional, estando ao serviço 310 para fazerem o acompanhamento dos abates nos matadouros, quando seriam necessárias “mais algumas dezenas”.
A medida foi alvo de contestação pela Câmara de Bragança, que aprovou uma resolução contra a proposta, alegando que iria reduzir os dias de abate e pôr em causa o funcionamento do matadouro com custos acrescidos para os produtores.