Deu-lhe «uma coisa» e matou a mulher - TVI

Deu-lhe «uma coisa» e matou a mulher

Prisão (arquivo)

Homem confessa o crime no Tribunal de Ourém e afirma-se arrependido

O homem de 75 anos acusado de ter matado a mulher em maio de 2013 em Formigais, no concelho de Ourém, confessou hoje o crime e afirmou-se arrependido.

«Deu-me uma coisa, não sei explicar o que é que foi. Estava deitado, dei um salto para o chão, fui direito à mesa-de-cabeceira, tirei o número do meu filho e estavam lá os cartuchos e disparei», disse o arguido no Tribunal Judicial de Ourém.

Segundo o homem, que se encontra detido preventivamente no hospital de Caxias, a mulher estava deitada no sofá, de costas para ele, reconhecendo não lhe ter, previamente aos dois disparos, dirigido a palavra.

Adiantando sofrer de problemas de saúde, para o qual toma diversa medicação, o arguido explicou ao coletivo de juízes, presidido pela magistrada Cristina Almeida e Sousa, que, no princípio do casamento, «davam-se bem», mas que a vítima já o chateava «há bastante tempo».

«Começou [a chatice] quando fiquei pior, ela mandava-me fazer uma coisa qualquer e eu não podia. Ela, em vez de vir a horas, para fazer o comer, vinha mais tarde ou não fazia», continuou o detido, que admitiu a existência de discussões: «Ela ficava aborrecida por eu não trabalhar. Eu não trabalhava porque não podia», justificou.

O arguido, que responde por um crime de homicídio qualificado e outro de detenção ilegal de arma e crime cometido com arma, relatou ao tribunal que ouviu uma conversa entre a vítima e a irmã, que a convidou a ir para França, acrescentando: «Ia ficar sozinho, daí que veio os tiros».

À pergunta por que não se divorciou, o homem respondeu: «Porque nunca tive essa ideia».

Atribuindo a propriedade da arma à mulher, mas afirmando que comprou os cartuchos para «espantar os pássaros do milho», o idoso declarou que não devia ter matado a mulher.

«Não devia ter feito, estou arrependido», referiu, adiantando que a mulher lhe exigiu dinheiro e bens, tendo passado, através de notário, bens para aquela.

Na sessão da manhã, o tribunal ouviu ainda uma médica psiquiátrica que considerou que o arguido apresenta uma «imputabilidade significativamente diminuída, mais próxima da inimputabilidade».

Segundo a perita, o homem, «umas semanas antes dos factos, estaria bastante descompensado», apontando a existência de uma «depressão profunda».

A família da vítima, que tinha 58 anos, pede uma indemnização de 198 mil euros. O julgamento prossegue às 14:00.
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