Autoridade Tributária faz buscas em Alvalade, na Luz e no Dragão - TVI

Autoridade Tributária faz buscas em Alvalade, na Luz e no Dragão

  • Hugo Pedro Capela
  • Lisete Reis
  • 17 mai 2023, 11:18

Ministério Público esclarece que há indícios de vantagens indevidas que ascendem aos 58 milhões de euros

Mais de 200 membros da Autoridade Tributária e Unidade de Ação Fiscal da GNR estão a realizar buscas, durante a manhã desta quarta-feira, nos estádios de Benfica, FC Porto e Sporting, segundo confirmou a CNN Portugal.

Ao que foi possível apurar até agora, as buscas estão relacionadas com a operação "Fora de Jogo".

Segundo o que a CNN Portugal apurou, as buscas nas instalações do Benfica predem-se com as transferências de Chiquinho, Vlachodimos e Gonçalo Guedes. Os crimes que estão em causa nesta megaoperação são fraude fiscal qualificada, fraude contra a Segurança Social e branqueamento de capitais. A investigação foca-se na celebração de contratos de transferência entre 2015 e 2020, que constituirão negócios simulados nos quais intervieram vários agentes de jogadores, entre os quais está o empresário Jorge Mendes, dono da Gestifute, já arguido no processo "Fora de Jogo". Entretanto, através de comunicado, o Benfica confirmou as diligências. 

Já em Alvalade, a CNN Portugal sabe que todos os negócios investigados ocorreram entre os anos de 2015 e 2017, referentes ainda à gestão da presidência de Bruno de Carvalho. A CNN Portugal sabe que duas das transferências em causa foram as dos jogadores Bas Dost, Naldo, André Pinto, Rúben Semedo, Battaglia, Beto Pimparel e Schelotto. Até ao momento, ainda não houve uma reação oficial do clube de Alvalade, mas, à CNN Portugal, fonte do Sporting confirmou a presença de agentes e diz apenas estar a colaborar.

O FC Porto foi o primeiro clube a reagir e confirmar as ação policiais nas instalações do clube. No comunicado, pode ler-se: "Como sempre, e certa do bom cumprimento das normas atinentes à sua atividade, a Futebol Clube do Porto - Futebol, SAD encontra-se a colaborar com a justiça e a disponibilizar todos os elementos que lhe sejam solicitados". Nas instalações dos azuis e brancos há pelo menos duas transferências a chamar a atenção das autoridades: os negócios de Licá e Carlos Eduardo, provenientes do Estoril Praia.

Esta megaoperação estendeu-se ainda ao norte do país. A casa de Alexandre Pinto da Costa, agente de futebol e filho do presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, também foi alvo de buscas.

Através de comunicado após a megaoperação, o Ministério Público esclareceu que, em causa, estão vantagens indevidas que ascendem aos 58 milhões de euros.

A Operação Fora de Jogo visa investigar as suspeitas de branqueamento de capitais e fraude fiscal no futebol português, nomeadamente na transferência de jogadores. Até ao momento, o processo judicial tem um total de 47 arguidos.

De recordar que esta operação decorre há vários anos. Em novembro de 2021, o Ministério Público e a Autoridade Tributária já tinham feito buscas no Estádio do Sp. Braga e do Vitória SC, no âmbito da mesma operação por “suspeitas de negócios simulados, celebrados entre clubes de futebol e terceiros, que tiveram em vista a ocultação de rendimentos do trabalho dependente, sujeitos a declaração e a retenção na fonte, em sede de IRS, envolvendo jogadores de futebol profissional. Os valores envolvidos rondarão os 15 milhões de euros", como disse o próprio Ministério Público na altura.

Na mesma semana, também o FC Porto tinha sido alvo de buscas às suas instalações por uma equipa de investigadores do Ministério Público, numa operação conjunta com a PSP. Em causa está o pagamento de comissões superiores a 20 milhões de euros relacionados com transferências de futebolistas. O FC Porto garantiu ter colaborado com a equipa de investigadores do Ministério Público, "cujo trabalho visou a apreensão de documentos que pudessem interessar à investigação".

Em março de 2020, a Autoridade Tributária efetuou buscas a vários clubes, entre as quais os três grandes, V. Guimarães e Sp. Braga. Na altura, o Ministério Público constituiu 47 arguidos: 24 pessoas coletivas e 23 singulares. Entre os arguidos estavam "jogadores de futebol, agentes ou intermediários, advogados e dirigentes desportivos", por suspeitas de fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais.

Para além de clubes, também vários agentes desportivos foram investigados. Como aconteceu com a Gestifute, empresa de Jorge Mendes, e a casa e empresa do ex-jogador Deco, em 2021.

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