[Considera este um resultado justo?]
Os resultados são sempre justos quando o adversário faz três golos e nós só dois. Agora, temos de ter uma avaliação muito forte do que foram estes 98 minutos e perceber o porquê de termos sofrido estes três golos. O porquê de termos terminado com 10 e há muitos porquês neste jogo.
Nós defrontámos uma grande equipa, que ainda não perdeu esta época, muito bem orientada, com excelentes executantes.
Sabíamos que teríamos de estar a um nível de concentração elevadíssimo e que tínhamos de ser rigorosos, nomeadamente nas nossas marcações, e que teríamos de transportar para o jogo a estratégia que tínhamos delineado, dificultando quando o adversário tinha bola, saber o momento das nossas transições.
Acho que nos primeiros 15/20 minutos, o Sporting não criou situações de perigo, mas teve muita bola e dominou o jogo.
Conseguimos, a partir desse momento, ser mais equilibrados e organizados, podendo criar perigo nas nossas transições.
Poderá ter havido uma falta sobre o Fabrício, antes do penálti. Jogar com 11 é difícil, com 10, com o Sporting, é quase impossível.
Mas calma que não há impossíveis porque veio aí a coragem de uma equipa e de jogadores que se sentiram talvez um pouco injustiçados.
Há um momento crucial: o golo do Sporting e uma falta que seria para segundo amarelo para o jogador do Sporting. Ninguém sabe o porquê de não ter sido assinalada falta e mostrado o segundo cartão amarelo.
Todos percebemos que isto é o nosso futebol, mas disse ainda há pouco, na flash interview, algo importante: lembrarmo-nos, todos os dias, de que há três, quatro equipas, no nosso campeonato, que, no final, ficam a 30 pontos do quinto classificado.
O nosso campeonato muitas vezes não é fraco: este jogo, não foi fraco. Esta época já tive esta mesma dualidade de critérios. [Hjulmand] fez a falta, é castigado com o segundo amarelo porque ele era merecido.
E para perceberem como era merecido, o Ruben Amorim ia logo fazer uma alteração para tirar o jogador. Eu gostava que o jogo estivesse 10 para 10: aí era uma questão de justiça.
As grandes penalidades sabem como é: quanto mais VAR, menos acertamos. Mas o jogo foi-se desenrolando e nós tivemos aquela reação. Fomos à procura e conseguimos o 2-2.
Eu não me recordo de o Sporting, a ganhar por 2-0 e a jogar contra 10, ter um adversário conseguido empatar. Vou tentar pesquisar, mas acho que é de realçar o que o Farense fez.
Além do 2-2, tivemos a melhor oportunidade, com aquela bola do Zé Luís, após um remate do Mattheus.
Conseguimos uma forma de estar no jogo em que o Sporting estava mesmo muito preocupado. Só com cruzamentos é que estava a conseguir lá chegar e nós sabemos que os cruzamentos beneficiam mais os defesas.
O Sporting não estava a consegui entrar, estava muito difícil e depois, mais uma vez, aquilo que faz as equipas serem muito diferentes: mais um golo, mais um penálti e vitória para o Sporting.
Quero dar os parabéns aos meus jogadores pela coragem que tiveram, por aquilo que transmitiram e pelo que é o S. Luís. O que os meus jogadores fizeram foi mostrar uma mística, uma alma do que é ser-se do Farense.
[Falou aqui de muitos porquês. Pedia-lhe que concretizasse: que mensagem quer passar?]
Nenhuma. Não precisavam que eu viesse aqui falar: até o treinador do adversário reconheceu isso – que, naquele momento, iria retirar o jogador.
Nós temos o VAR, não temos? É para quê? Supostamente, para ajudar o árbitro. Eu não percebo. Tomam as decisões: são sempre favoráveis. É sempre a mesma coisa. Para a semana, jogamos com o Vizela – aí, o VAR vai ser exemplar ou tentar ser exemplar.
Mas quanto a este tipo de situações, por que é prejudicam sempre os mesmos? Porquê? Digam-me. Por que é que é muito fácil expulsar um jogador do Farense? Por que é que é muito fácil marcar penáltis contra o Farense? Por que é muito fácil tudo e é difícil para os outros? Porquê? Expliquem-me.
E depois é a tal diferença que existe, no final do campeonato, entre os grandes e os chamados pequenos. A diferença passa muito por isto. Se não tivermos responsabilidades e comportamentos diferentes, vai ser cada vez mais difícil treinar as equipas que lutam pela manutenção e os grandes continuarão a passar a barreira dos 90 pontos e a marcar muitos golos.
Estou muito triste porque os meus jogadores mereciam outro resultado.