Há razões que a própria razão desconhece e a história da maldição do Sporting na Áustria até podia ser caso de estudo para as ciências ocultas.
Mas esta equipa de Ruben Amorim tem contrariado a História, mesmo quando as forças do além são demasiado poderosas. E nesta quinta-feira, quando o guarda-redes do Sturm Graz adiou, com uma dupla defesa soberba aos 66 minutos, o golo do Sporting, até pareciam estar a sê-lo.
Por razões que a própria razão desconhece, lá está, mas muito mais por razões óbvias.
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Pela forma como o meio-campo e a defesa leonina abriram no golo inaugural de Boving aos 58 minutos, pelo desperdício num bom início de segunda parte e pelo que ficou por fazer em 45 minutos de futebol pobre que o relvado em péssimo estado e as cinco alterações no onze não justificam por completo.
O Sporting terminou a primeira parte com 60 por cento de posse de bola, mas pouco mais fez com ela do que circulá-la longe da baliza austríaca e só já perto do intervalo criou uma oportunidade, quando Paulinho, regressado ao onze, cabeceou por cima.
No regresso dos balneários, a atitude foi outra. E bastaram dois minutos para que isso se tornasse evidente, com Geny Catamo a ser protagonista num lance e, depois, a servir Trincão para um cabeceamento travado por Scherpen.
Contra a corrente do jogo, que na verdade ainda não corria tão forte na direção da baliza austríaca como viria a acontecer, o Sturm Graz adiantou-se no marcador.
Mas havia duas boas notícias para o Sporting. A primeira: ainda havia mais de meia-hora para jogar. A segunda: havia muita matéria-prima no banco, como Nuno Santos e Pote, que foram a jogo pouco depois; e Edwards, Morita e Fresneda mais tarde.
E tornou-se ainda mais óbvio que os leões são mais fortes do que esta equipa austríaca. Sem metade da melhor equipa em campo e mais ainda com quase todos eles.
Encostado às cordas, o Sturm Graz ainda resistiu às custas dos instintos de Scherpen. Naquela dupla defesa que já lhe falámos e, pouco antes, na forma como travou um outro remate de Paulinho.
Mas seria difícil resistir à força mais poderosa da noite: o Sporting da última meia-hora.
Gyökeres empatou aos 75m depois de um trabalho soberbo de Pote. E Diomande, a «meias» com Coates, assinou a reviravolta aos 84m depois de trabalho tecnicista fora da área.
Depois de na época passada ter vencido pela primeira vez na Alemanha, o Sporting estreia-se a ganhar na Áustria.
Não há maldição que trave este leão.