Ruben Amorim deve ficar mais dez dias ou já devia ter saído? O treinador está de malas feitas para o Manchester United, mas Frederico Varandas quer que permaneça mais dez dias e faça os jogos com E. Amadora, Man. City e Sp. Braga.
Bruno Andrade, comentador, e Sérgio Pereira, editor-chefe do Maisfutebol, têm opiniões diferentes e trocam argumentos, nesta discussão em que o leitor também pode participar.
TRÊS RAZÕES PARA IR JÁ, por Bruno Andrade
Atraso no processo
Ruben Amorim quer sair. Há jogadores incomodados. Não há clima para a continuação do trabalho. Um trabalho que poderia - e deveria - ser assumido agora por João Pereira. Virar logo a página. Acelerar o processo de assimilação do plantel e, consequentemente, de entrosamento com a nova equipa técnica. Serão menos dez dias de trabalho para o novo técnico.
Desconfiança
João Pereira está a ser preparado há meses para substituir Ruben Amorim. Acredito, então, que ele fez a lição de casa e estudou bem os seus novos comandados. Se a convicção da estrutura nele é tamanha, porque não efetivá-la o quanto antes? Acaba por passar uma mensagem de certa desconfiança na aposta no sucessor, que, independentemente do contexto, já entraria pressionado.
Bullying público
Exposição desnecessária da imagem do maior técnico da história do Sporting, que, daqui para frente, não tem mais nada a ganhar. Zero. É praticamente uma espécie de punição pública. Nas ruas. Nos estádios. Nas seis (!) conferências de imprensa. Quem sabe até nos livros de história.
TRÊS RAZÕES PARA FICAR, por Sérgio Pereira
Mensagem ao mercado
Antes de mais, o Sporting tem de enviar uma mensagem ao mercado: o clube não é bar aberto. Não podem chegar a Lisboa com um saco cheio de dinheiro, para levar o melhor treinador da história leonina, e serem recebidos com um abraço e sorriso. A fama de negociador duro constrói-se aos poucos e leva muito tempo, mas não admite concessões. Os clubes têm de saber que é preciso lutar e sofrer para tirar os melhores de Alvalade.
Tempo para João Pereira
Vamos ser práticos: assumir a equipa com três jogos em dez dias (sendo que dois deles são com Man. City e Sp. Braga) ou entrar com duas semanas para trabalhar, não é bem a mesma coisa. Nem é uma questão de não confiar em João Pereira: se não confiassem, não o contratavam. A verdade é que o novo treinador ia ter um dia (!) para preparar algumas partidas. Mesmo que seja uma aposta de continuidade, há toda uma adaptação que é necessária: conhecer os jogadores, como treinam, como se portam em estágio, como reagem a certas palavras, como enfrentam os desafios. E, claro, os jogadores precisam de conhecer João Pereira, conhecer a liderança dele e a forma como gosta de trabalhar. Há muito caminho para andar, e precisa de tempo.
Defesa da equipa
Mesmo que Ruben Amorim esteja contrariado, mesmo que os jogadores estejam chateados e se sintam traídos por um treinador que sempre lhes pediu para colocar o grupo à frente dos interesses pessoais, mesmo que isso tudo seja verdade, sim senhor, é mais fácil para a equipa defrontar o Man. City e o Sp. Braga com a experiência de Amorim no banco, do que com a incerteza de João Pereira. Mesmo que todos andem revoltados, seguramente vão dar a vida para vencer. Para a equipa é mais confortável fazê-lo com o homem por detrás de tantas vitórias.