Mais de 3.000 pessoas de todo o mundo (incluindo Portugal) viajaram para a Suíça para morrer - TVI

Mais de 3.000 pessoas de todo o mundo (incluindo Portugal) viajaram para a Suíça para morrer

Idoso (GettyImages)

Centenas de pessoas procuram todos os anos o apoio de uma associação suíça para exercerem um direito que não lhes é reconhecido nos seus países de residência. Áustria e Itália também legalizaram recentemente o suicídio assistido

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Para colocar fim à vida, 3.666 pessoas de todo o mundo recorreram à DIGNITAS, uma associação com sede em Forch, na Suíça, para exercer o direito a morrer.

Ainda que a eutanásia seja ilegal na Suíça, as autoridades admitem a prática de suicídio assistido apoiado por entidades como a DIGNITAS. Fundada em 1998, a associação divulgou esta quarta-feira o número de suicídios assistidos por país de residência desde então. Ou seja, nos últimos 25 anos, milhares de pessoas aproveitaram a lei suiça para morrer. 

Das 3.666 pessoas que quiseram contar com o apoio da associação para pôr termo à própria vida, 1.449 tinham residência na Alemanha, 531 no Reino Unido, e 499 na França.

A Suíça surge em quarto lugar nesta lista, com 226 pessoas, seguindo-se a Itália, com 207, e os Estados Unidos, com 166.

Portugal também surge na lista, com o registo do primeiro português a recorrer à associação para pôr termo à própria vida em 2009. Desde então, mais nove portugueses viajaram para a Suíça para exercer o direito a morrer, com o apoio da DIGNITAS. Só no ano passado, há registo de dois portugueses nesta lista.

A par com o número de suicídios assistidos, também o número de membros da associação tem vindo a aumentar nos últimos anos: a DIGNITAS conta hoje com 11.856 membros em 97 países, entre os quais 37 portugueses.

Na sua página da internet, a associação esclarece que "em princípio, todos os adultos podem ser membros da DIGNITAS, mesmo que não residam na Suíça e sejam cidadãos estrangeiros". Para tal, têm de pagar uma taxa anual de adesão de 220 francos suíços, além de uma taxa anual de 80 francos suíços (o que equivale ao mesmo valor em euros).

Outros países europeus que permitem o suicídio assistido

Além da Suíça, o suicídio assistido foi recentemente legalizado noutros países europeus, como a Áustria e a Itália. O parlamento austríaco aprovou em dezembro de 2021 a legalização desta prática em situações de doença grave ou incurável. Na Itália, foi o Tribunal Constitucional que introduziu uma exceção no código penal para o suicídio assistido em casos de patologia irreversível e sofrimento insuportável.

Outros países optaram por formas diferentes de exercer o direito a morrer. É o caso da Holanda, que, em 2002, tornou-se no primeiro país europeu a permitir a eutanásia e o suicídio assistido (o primeiro difere do segundo por ser uma equipa médica a administrar a dose letal no paciente). Este procedimento, aplicado apenas nos casos é que o indivíduo tem uma doença incurável e um sofrimento insuportável, é permitido a todos os cidadãos a partir dos 12 anos, com o consentimento dos pais.

A eutanásia também é legal na Bélgica, desde 2002, e no Luxemburgo, desde 2009. Mais recentemente, a Espanha seguiu o exemplo destes países europeus, com a aprovação de um projeto de lei do PSOE que permite tanto a eutanásia como o suicídio assistido. A legislação entrou em vigor em 2021 e, um ano depois, a ministra da Saúde espanhola, Carolina Darías, anunciava que 180 pessoas morreram "de forma digna, como elas decidiram", através destes procedimentos.

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