China renova ameaças contra Taiwan. General americano sugere armar a ilha com mísseis capazes de destruir Xangai - TVI

China renova ameaças contra Taiwan. General americano sugere armar a ilha com mísseis capazes de destruir Xangai

Taiwan (Getty Images)

David Deptula defendeu numa conferência do Centro Internacional de Estudos Estratégicos que os Estados Unidos têm de ser tornar “criativos” no que toca à criação de medidas de dissuasão

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A China voltou a ameaçar a integridade territorial de Taiwan, esta quarta-feira, ao alertar que os políticos que interagem com o governo de Taipé “estão a brincar com o fogo”. A ameaça acontece um dia depois de um especialista do Centro Internacional de Estudos Estratégicos (CSIS) ter sugerido que os Estados Unidos devem armar a ilha com suficientes mísseis capazes de destruir a cidade de Xangai, caso a China decida invadir.

A ameaça veio por parte de um porta-voz chinês do gabinete de Assuntos de Taiwan, que reforçou a intenção de Pequim em “salvaguardar a soberania e integridade territorial” de um arquipélago que diz ser seu, apesar de não fazer não fazer parte da China desde 1949.

“O apoio maldoso à independência de Taiwan entre elementos anti-China em alguns países estrangeiros é uma provocação deliberada”, disse Ma Xiaoguang em conferência de imprensa.

Apenas um dia antes, o antigo general da força aérea norte-americana David Deptula defendeu numa conferência do Centro Internacional de Estudos Estratégicos que os Estados Unidos têm de ser tornar “criativos” no que toca à criação de medidas de dissuasão, que evitem uma invasão chinesa a Taiwan.

Para o especialista, essas medidas devem passar por estabelecer um elevado grau de incerteza nos decisores políticos e militares chineses na hora de medir os prós e contras da decisão de invadir. Para isso, Deptula sugere que os EUA comecem a fornecer mais e melhor armamento a Taiwan, particularmente mísseis capazes de voar mais de 800 quilómetros e atingir a cidade de Xangai, a capital financeira chinesa.

“O objetivo é introduzir incerteza na mente dos nossos adversários”, acrescentou. Nesse sentido, Deptula argumenta que seria prejudicial aos interesses de Taiwan e dos EUA avisar previamente que existem locais na China continental que não seriam alvos de ataque.

O general na reforma falou ainda da vantagem que os bombardeiros furtivos teriam em caso de conflito. O seu longo alcance, capacidade de transportar grandes cargas de explosivos e o facto de serem "recursos reutilizáveis" que podem penetrar profundamente no espaço aéreo da China, podem representar uma séria ameaça a Pequim. 

Além disso, o think-tank sugeriu aumentar consideravelmente o número de mísseis antinavio de longo alcance (LRASM), bem como mísseis ar-ar e outras munições.

Este think-thank norte-americano ganhou notoriedade recentemente por ter produzido um relatório de várias simulações de guerra, onde os especialistas tentam prever o desfecho de um conflito entre algumas das maiores potências pelo território de Taiwan.

O mais recente relatório do CSIS aponta para uma derrota estratégica da China, caso leve adiante a invasão de Taiwan, em 2026, deixando um enorme rasto de destruição e milhares de mortos. As perspectivas não são muito melhores para o lado dos defensores, com os exércitos dos Estados Unidos da América e do Japão a ficarem num estado de degradação muito avançado ao perderem parte significativa da sua marinha, incluindo alguns dos seus mais importantes porta-aviões. Os analistas acreditam mesmo que o resultado do conflito acabaria por diminuir o estatuto dos EUA no palco mundial. 

Recorde-se que as tensões entre os Estados Unidos e a China em relação a Taiwan aumentaram significativamente em 2022. Em particular, a visita da então líder da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, foi recebida com extrema hostilidade por parte de Pequim, que ordenou um dos maiores exercícios militares de sempre à volta da ilha.

O estudo intitulado “A primeira batalha da próxima guerra” simulou um conflito entre a China e Taiwan, que contava com as intervenções norte-americana e japonesa. Nesta que é descrita como uma das simulações completas e “extensivas”, o think-tank norte-americano analisou duas dezenas de cenários e fez 24 simulações que pretendiam responder a duas questões: uma invasão teria sucesso e a que custo?

Esta semana, vários políticos alemães e lituanos visitaram a ilha, o que provocou mais uma reação forte por parte do Partido Comunista Chinês, com novos pedidos de isolamento a Taiwan. "Pedimos aos países relevantes que parem de enviar sinais errados às forças separatistas de independência de Taiwan e parem de brincar com fogo na questão de Taiwan", acrescentou Ma.

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