As polémicas que marcaram a passagem de Christine Ourmières-Widener pela TAP - TVI

As polémicas que marcaram a passagem de Christine Ourmières-Widener pela TAP

  • ECO - Parceiro CNN Portugal
  • Ana Petronilho
  • 7 mar 2023, 07:35
Fotos de arquivo Getty Images

A gestora francesa foi nomeada para CEO da TAP em junho de 2021 pelo então ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos. A sua passagem pela transportadora fica marcada por várias polémicas.

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Christine Ourmières-Widener esteve aos comandos da TAP desde junho de 2021 e foram várias as polémicas que marcaram a passagem da gestora pela companhia aérea portuguesa.

Depois do despedimento de milhares de trabalhadores do universo TAP e dos cortes salariais impostos pelo plano de reestruturação desenhado pela Comissão Europeia, que aprovou a injeção de 3,2 mil milhões de euros de verbas do Estado, a administração liderada por Christine Ourmières-Widener foi alvo de duras críticas de má gestão de recursos por vários setores da transportadora.

É o caso da transformação de dois aviões A330 que foram convertidos em cargueiros, que ficaram mais de um ano sem voar até que, em agosto, a companhia decidiu recuar e os transformou novamente em avião de passageiros. Também os vários contratos com companhias em regime ACMI (aluguer de aviões, incluindo pilotos, tripulação e manutenção), por causa do atraso da entrega de aviões Embraer, foram alvo de duras críticas.

Depois de marchas silenciosas e protestos à porta da empresa, no final do ano passado, a 8 e 9 de dezembro, Christine Ourmières-Widener enfrentou a primeira greve da companhia desde 2017, marcada pelos tripulantes de cabine. O protesto foi convocado pelo Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), numa altura em que arrancava a negociação do novo Acordo de Empresa. E quando a companhia ainda regista prejuízos, a greve levou a TAP a cancelar 360 voos durante os dois dias, provocando perdas de oito milhões de euros em receitas e afetando 50 mil passageiros.

Antes da greve, em outubro, estalou a polémica com uma notícia, avançada pela TVI, que dava conta que Isabel Nicolau tinha sido contratada pela TAP para assumir a direção do departamento de melhoria contínua e sustentabilidade da transportadora portuguesa, por 15 mil euros mensais. Isabel Nicolau é amiga de Christine Ourmières-Widener e nunca tinha trabalhado no ramo da aviação. A nova diretora da TAP é ainda a mulher do personal trainer do marido de Christine Ourmières-Widener e um mês antes de ser contratada pela transportadora aérea nacional, o companheiro abriu uma associação sem fins lucrativos, ligada ao triatlo, com o marido da presidente executiva da TAP.

Dias antes, ainda em outubro, Christine Ourmières-Widener tinha sido envolvida numa outra polémica depois de a CNN Portugal ter revelado que a companhia tinha encomendado uma nova frota de 79 automóveis BMW para a administração e diretores, substituindo os da Peugeot. A gestora defendeu que esta renovação permitiria uma poupança de 630 mil euros anuais mas, depois das fortes críticas à administração da companhia aérea, recuou na renovação da frota automóvel. No entanto, a companhia decidiu atribuir um vale de 450 euros mensais aos diretores e administradores da TAP para serem usados na plataforma Uber, de forma a compensar a não renovação dos automóveis.

Por fim, a mudança da sede da companhia para o edifício Báltico, no Parque das Nações, foi outra das medidas da administração de Christine Ourmières-Widener que provocou forte contestação. A TAP tinha a intenção de sair do histórico edifício na Portela até março deste ano, vendendo o imóvel para passar a pagar uma renda mensal entre 3,8 milhões e quatro milhões de euros.

Tanto os sindicatos como a Comissão de Trabalhadores, assinalaram a medida como mais um caso de má gestão, alertando para a duplicação de recursos, como a segurança por exemplo. E alertaram ainda que as futuras instalações não tinham espaço para a creche que funciona 24 horas todos os dias da semana, um serviço que consideram ser “essencial” para os horários dos tripulantes, dos pilotos e dos restantes profissionais que trabalham na companhia. No início deste ano, Christine Ourmières-Widener deixou cair esta intenção.

A última polémica da TAP, que envolve o pagamento de uma indemnização de 500 mil euros a Alexandra Reis, ditou a saída de Christine Ourmières-Widener da companhia. Depois de a Inspeção Geral das Finanças ter concluído pela nulidade do acordo celebrado entre a administração da companhia e Alexandra Reis, que meses depois estava na presidência da NAV, Fernando Medina defendeu que “se impõe um virar de página na gestão da empresa”, tendo por isso o Governo decidido a “exoneração, com justa causa, do Presidente do Conselho de Administração e da Presidente da Comissão Executiva da TAP“.

Christine Ourmières-Widener sai da TAP, disse o ministro, sem o pagamento da indemnização que estava previsto no seu contrato. Mas a CEO, em reação ao relatório da IGF, já ameaçou retirar “consequências legais”, abrindo espaço espaço para novos capítulos na sua passagem pela TAP.

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