Aviões da TAP que foram consertados no Brasil tiveram de ser arranjados adicionalmente em Lisboa. Sindicato sugeriu Beja para expandir a manutenção (mas não teve qualquer resposta) - TVI

Aviões da TAP que foram consertados no Brasil tiveram de ser arranjados adicionalmente em Lisboa. Sindicato sugeriu Beja para expandir a manutenção (mas não teve qualquer resposta)

Jorge Alves, presidente do SITEMA (Lusa)

Sindicato que representa os técnicos de manutenção da TAP lamenta que o Governo tenha deixado cair várias propostas e diz ter sido “coagido” pela empresa a assinar documentos para poder ter acesso a detalhes do plano de reestruturação

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O Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (SITEMA) reconheceu que vários aviões da TAP que foram ao Brasil para serem arranjados na VEM/Varig acabaram por necessitar de manutenção adicional quando regressaram a Lisboa.

“Os aviões iam para lá para fazer a manutenção. Demoravam mais tempo do que o que era suposto. E chegavam a Lisboa a precisar de mais manutenção, antes de poderem operar com passageiros”, contou o presidente do SITEMA, Jorge Alves, durante a comissão parlamentar de inquérito à gestão da TAP.

À empresa brasileira imputam-se prejuízos na ordem dos mil milhões de euros nas contas da TAP.

O dirigente sindical reconheceu também que os aviões Airbus 330 neo, escolhidos pelo antigo acionista David Neeleman num negócio que terá servido para financiar a sua entrada na própria TAP, também têm “alguns problemas de manutenção”.

“Tiveram de substituir alguns motores inclusivamente porque a TAP foi o primeiro operador a operar esse tipo de aeronaves”, concretizou.

O dirigente indicou que, no que respeita à manutenção, chegou a ser sugerido à administração da TAP e ao Governo, na altura em que Pedro Nuno Santos era ministro das Infraestruturas, um pacote de 47 medidas em que se incluía a vontade de “aproveitar o aeroporto de Beja para expandir a manutenção da TAP”. E houve resposta? “Ninguém nos questionou sobre essas medidas”, clarificou.

Dificuldades de comunicação com a TAP e a tutela

O SITEMA lamentou as difíceis comunicações com a TAP e com a tutela. “Tivemos quase um ano em que a administração não nos recebeu. E o senhor ministro Pedro Nuno Santos seis meses”, exemplificou, lembrando que mesmo havendo um pré-aviso de greve “não houve uma conversa sequer”.

Uma falta de transparência que se estendeu a toda a negociação relativa ao plano de reestruturação na empresa e aos cortes salariais que foram aplicados – um processo que, segundo Jorge Alves, “põe em causa a retenção dos técnicos de forma que pode ser irreversível para se fazer a manutenção em Portugal”.

O sindicato concretizou a existência de 80 saídas ao abrigo das rescisões voluntárias, a que se juntaram depois 75 técnicos que deixaram a empresa e outros seis despedimentos. “Não percebo como se pode mandar ‘know how’ borda fora”, lamentou.

A expectativa é de que a TAP possa “acelerar novos acordos de empresa” para repor os cortes salariais, na ordem dos 20%, não tendo ainda obtido qualquer informação nesse sentido.

Sobre o plano de reestruturação, Jorge Alves revelou mesmo que os sindicatos foram “coagidos” a assinar documentos para ter acesso aos detalhes. “Para ter acesso tínhamos de assinar documentos em que nos comprometíamos a não revelar nada a ninguém e não conheço nenhum sindicato que o tenha assinado”, explicou aos deputados.

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